quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Isto é só o fim...


Alunos promovem quebradeira em escola pública do bairro do Belenzinho em SP. A escola ficou destruída e foi obrigado a PM baixar pra pôr ordem na bagunça. E a mídia vem cada vez mais dando destaque aos casos de violência na escola. Só esse ano devo ter visto umas quatro ou cinco reportagens sobre o assunto. Professor sendo agredido verbalmente já nem dá mais pra colocar em estatística, porque é todo dia que acontece. E sabe-se que a violência física também existe, tanto entre os próprios alunos quanto de alunos contra professores e funcionários.
Por curiosidade, tava pesquisando sobre o assunto e achei um artigo de Portugal, e olha só, o professor luzitano sofre dos mesmos males que a gente nas escolas da terra de Camões. Também tomei emprestado do site a foto que ilustra o post. Leia e perceba a impressionante semelhança com a nossa realidade:
"Li num jornal que a senhora ministra da Educação está contente. E, quando os nossos governantes estão contentes, é como se um sol raiasse nas nossas vidas.
E está contente porque, segundo afirmou, a violência nas escolas portuguesas, afinal, não existe.
Ao que parece, andamos todos numa de paz e amor, lá fora é que as coisas tomam proporções assustadoras, os nossos brandos costumes continuam a vingar nos corredores de todas as EB, 2/3, ou como é que as escolas se chamam agora. Tenho muita pena de que os nossos governantes só entrem nas escolas quando previamente se faz anunciar, com todas as televisões atrás, para que o momento fique na História. É claro que, assim, obrigada, também eu, anda ali tudo alinhado que dá gosto ver, porque o respeitinho pelo Poder é coisa que cai sempre bem no coração de quem nos governa, e que as pessoas gostam de ver em qualquer telejornal.
Mas bastaria a senhora ministra entrar incógnita em qualquer escola deste país para ver como a realidade é bem diferente daquela que lhe pintaram ou que os estudos (adorava saber como se fazem alguns dos estudos com que diariamente se enchem as páginas dos jornais) proclamam. É claro que não falo daquela violência bruta e directa, estilo filme americano, com tiros, naifadas e o mais que houver.
Falo de uma violência muito mais perigosa porque mais subtil, mais pela calada, mais insidiosa. Uma violência mais 'normal'.
E não há nada pior do que a normalização, do que a banalização da violência.
Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados...) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita ('bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si...', isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde...)
Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que 'os professores não ensinam nada'.Porque, evidentemente, a culpa de tudo é sempre dos professores - que não ensinam, que não trabalham, que não sabem nada, que fazem greves,qualquer dia - querem lá ver? - até fumam...
Os seus filhos são todos uns anjos de asas brancas e uns génios incompreendidos.
Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc.). Não têm regras, não conhecem limites,simples palavras como 'obrigada', 'desculpe', 'se faz favor' são-lhes mais estranhas do que um discurso em Chinês - e há quem chame a isto liberdade. Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos 'científicos', mas aquela da qual um dia, de repente, rompe a violência a sério. E então em estilo filme americano. Com tiros, naifadas e o mais que houver. "
Alice Vieira escreve no JN, quinzenalmente, aos domingos
Repare, leitor, que a realidade da educação portuguesa descrita no artigo é igualzinha à nossa realidade aqui na terra brasilis, exceto por um único detalhezinho besta: a violência bruta e direta, estilo filme americano, com tiros, naifadas (que palavra é essa?) e o que mais houver, já existe nas nossas escolas há um bom tempo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

De mau-humor, pero no mucho


Ai, quanto bla bla bla mais uma vez em cima desse caso de Santo André. Não dou um mês pra todo mundo já ter esquecido disso e estar mais preocupado com a ceia e os presentes de Natal ou pra onde vai viajar no Ano Novo!

O povo até se esqueceu das famigeradas eleições Kassab X Marta. O seis contra o meia-dúzia. Uma campanha tão baixa que teve direito até à Marta fazendo insituações sobre a preferência sexual do Kassab, como se isso fizesse diferença no caráter e honestidade de alguém. Que papelão, hem, dona sexóloga Marta!! E o Kassab, dizendo na campanha dele que as escolas têm dois professores atuando na primeira série? Se é verdade, então é que nem Saci Pererê, diz que existe, mas ninguém nunca viu.

Aqui na minha cidade natal a situação é a mesma: bebum X pé-de-cana. Pelo menos a gente vai ter garantia de que a lei seca por aqui não vai funcionar mesmo e quem sabe eu possa tomar as minhas cervejinhas em paz e dirigir depois (podre, essa!).

Todo mundo adorou a camiseta com que fui dar aula na quarta-feira: para presidente Seu Madruga da Silva, número 13.171, com uma foto enorme do seu Madruga (nada contra o Lula, tudo contra a política em geral)

Confesso, meu humor está azedo hoje! E não há motivo pra isso, afinal, não preciso ir trabalhar hoje e, ufa, não vou trabalhar na segunda também! Um belo feriadão, só que mais dura do que pau de tarado.

Mesmo assim, agradeço a Deus por estar aqui, até o momento, saudável, com as pessoas que amo também saudáveis. Apesar de tudo, acredito que o mundo pode mudar pra melhor, pelo menos um pouquinho.

Só não existe jeito pra morte, mesmo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008


Sacrifícios, sacrifícios, por que fazê-los, mas se não os fazemos, como sabê-lo?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Educação de novo: Morte à revista Veja!




Era pra eu ter postado sobre isso há algum tempo, mas a falta de tempo acabou sendo minha adversária. Então aproveito o momento de folga para, de maneira meio tardia eu confesso, comentar uma reportagem que saiu na edição de 20 de agosto de 2008 na Revista Veja - "Você sabe o que estão ensinando a ele?".

O assunto: a qualidade de ensino no Brasil. A revista encomendou uma pesquisa que comprovou que 92% dos pais de estudantes de escolas particulares acreditam que seus filhos tem uma bom ensino por parte dos professores. O índice de satisfação entre pais de alunos de escolas públicas é de 63%.

A pesquisa também demonstrou que 90% dos professores tanto de escolas particulares quanto de públicas se consideram muito bem preparados para dar aula. Até aí tudo bem.

A revista afirmou que esses dados mascaram a verdadeira realidade, a de que o ensino brasileiro é péssimo. A reportagem até menciona números do Inep/MEC comprovando essa realidade: 22% dos professores do ensino básico não tem diploma universitário; o Brasil está em quinquagésimo segundo lugar em ciências e em quinquagésimo terceiro em matemática, em uma lista de 57 países; 60% dos estudantes terminam a oitava série sem saber interpretar textos simples ou efetuar operações básicas de matemática; e por aí vai...

Até aí nada de novidade. A mídia até tem dado maior destaque ao fato de que realmente o ensino brasileiro anda mal das pernas. E isso quem tá dentro do caldeirão da sala de aula todos os dias já sabe há muito tempo.

Mas aí vem a parte que começou a me incomodar. Muito bem, se os EUA está passando por aquela crise financeira lá, a culpa é de quem? Adivinha! Se um carinha imaturo que não sabe aceitar um pé na bunda resolve manter a ex-namorada como refém por 50 horas para convencê-la a voltar pra ele, a culpa é de quem? Dos professores, claro!

Agora é a vez da revista Veja dar a sua contribuição e engrossar o cordão daqueles que acham que a culpa da má qualidade da educação está nos professores. O título "prontos para o século XIX" já dá uma idéia do que virá. A reportagem acusa os professores de utilizarem "ideologias esquerdistas retrógradas " com o intuito de doutrinar os alunos sob a "justificativa de incentivar a cidadania".

Nas palavras da reportagem, os professores idolatram Lenin, Che Guevara, Karl Marx, autores e personalidades que foram modernos em sua época, em detrimento de ensinar o que seria necessário para enfrentar uma sociedade atual cuja "empregabilidade e o sucesso na vida profissional dependem cada vez mais do desempenho técnico, do rigor intelectual, da atualização do pensamento e do conhecimento".

Na visão da revista, o ensino por parte dos professores deveria ser imparcial, e com o fim de fazer com que os estudantes estivessem preparados para enfrentar a realidade mencionada acima.

A revista critica o socialismo pregado pelos educadores, socialismo que considera destruído, expõe o nome de professores, atitude extremamente agressiva, quando menciona, por exemplo, o caso de um que doutrinou os alunos a condenarem a máquina por ser ela responsável pelo desemprego.

Muito bem, os professores podem estar doutrinando os alunos a seguirem um Socialismo que já demonstrou ser decadente, eles podem até estar "pecando" pela falta de imparcialidade em sala de aula, mas eu pergunto: cadê a imparcialidade dessa revista? Quando li a reportagem, foi essa a primeira pergunta que me ficou no ar. Se os professores apresentam uma tendência à doutrinação esquerdista, pra mim ficou mais do que claro que a Revista Veja confirma a sua tendência à doutrinação direitista.

Não se pode esquecer do seguinte: assim como o Socialismo como sistema político ruiu, nada garante que com o decorrer dos anos o mesmo não ocorrerá com o capitalismo vigente, esse capitalismo invencível que a Revista Veja coloca num pedestal acima do céu e da terra.

Outra pergunta me ficou na cabeça: será que realmente é possível existir imparcialidade, seja na sala de aula, seja no meio jornalístico, ou seja onde for? É possível manter-se numa posição neutra diante dos fatos da vida? Quem ler essa reportagem vai ter a certeza de que não é possível.

Outra coisa: se a revista queria dar destaque à má qualidade do ensino atual, porque não abordou os problemas de infraestrutura das escolas públicas, a falta de condições de trabalho adequadas para os professores, o fato de os professores terem que cumprir jornadas triplas diariamente para poder ganhar um salário mais digno e por isso não terem tempo suficiente para estudarem e se tualizarem, e até se aprofundarem mais em Marx, Lenin e outros.

Por que a revista não destacou que uma das responsáveis diretas pelo fato de que alunos chegam à oitava série sem saber interpretar textos simples e efetuar operações básicas de matemática está na política educacional (direitista, diga-se de passagem) que defende a aprovação automática e a progressão continuada em estados como os de São Paulo? Ah, esqueci! Como a revista é elitista, só deu destaque para a péssima qualidade das escolas privadas e particulares. Os problemas que eu mencionei acima são tipicamente de escolas públicas. Coisa de pobre, né.




PS.: A revista se refere a Paulo Freire, uma das personalidades de esquerda idolatradas pelos educadores, como "autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização". Se vocês, da revista Veja, afirmam que os professores em sala de aula amam e falam de Lenin, Karl Marx e outros sem nunca ter lido nem estudado com profundidade nenhum deles, eu peço a quem escreveu essa pérola que leia um pouco mais das obras de Paulo Freire para poder descobrir no que se baseou o chamado método Paulo Freire. O método Paulo Freire na verdade não foi só um método e sim uma filosofia de trabalho, ou como ele chamou, Teoria do Conhecimento, que visou alfabetizar trabalhadores rurais com base na realidade vivida por eles, a partir do diálogo entre o educador e o estudante, numa relação de troca de conhecimento.

O trabalho iniciado pelo Educador Paulo Freire em Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, em 62, foi interrompido pelo golpe militar de 64. Ele teve de se exilar para não ser preso. E por que? Porque defendia o uso do pensamento crítico na aprendizagem. Acredito que antes de ser socialista, Paulo Freire era um defensor de que se aprendesse a pensar por si mesmo para se ter a capacidade de transformar a realidade em volta. Perigoso demais para uma minoria que quer continuar defendendo a educação somente para a qualificação profissional que o mercado de trabalho exige e exigirá até quando o capitalismo existir, sabe-se lá até quando.

Muitos vivas para nós!!



Hoje, dia dos professores, devo dizer algo estranho: pela primeira vez desde que me tornei uma profissional da educação, sinto orgulho de ser professora talvez porque pela primeira vez começo a sentir que de fato estou aprendendo a ser professora.


Isso porque estou aprendendo a encarar os problemas de sala de aula com mais naturalidade. Não que eu não continue me indignando com os absurdos que enfrento no dia-a-dia, mas hoje eu sinto que há uma diferença crucial em mim, comparando com os meus primeiros dias na sala de aula: hoje eu tenho muito menos medo de manifestar a minha indignação, e dependendo do tamanho do absurdo ( e do nível de TPM, quando é o caso), boto a boca no trombone e me manifesto.

E digo que ser professor (a) é NÃO ACOMODAR COM O QUE INCOMODA!! *






(*) verso da canção Criado-Mudo, do Teatro Mágico

domingo, 21 de setembro de 2008


Ainda não sei se o curso de Nutrição vai me ser útil, mas também isso pouco me importa no momento. Por enquanto só posso dizer que estou gostando do curso.

Minhas preocupações giram em torno da minha pretensão de ir morar com a Sil. Devo dizer que apesar do curso de Nutrição, essa essa será minha prioridade máxima, tanto que se eu perceber que não dará para conciliar o curso com os gastos da mudança, não vou pensar duas vezes: a Nutrição ficará para depois. E nada de estresse.

domingo, 14 de setembro de 2008


Blogando? Nãaaaaao... Hibernando... por tempo indeterminado.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sobre bichos e gente


A semana corrida, aborrecimentos, stress, cansaço:"Caramba, quero que venha logo o fim de semana. Vou poder ir ver a pessoa que amo e... abraçar o Bóris bem apertado. Isso era o que eu pensava quando os dias me pareciam insuportáveis.

Na solidão coletiva em que vivemos, em que cada vez as pessoas demonstram mais o azedume dos seus corações do que aquilo que há de melhor em si, nos momentos em que a gente não encontra conforto pra nossa angústia diária, muitas vezes a gente encontra o afeto que nos falta no carinho dos nossos bichos de estimação, gato, cahorro, sei lá. Quem tem, sabe do que tô falando. Eles nos amam com a pureza que é própria da personalidade inocente deles. Não nos cobram, não reclamam, não guardam rancor quando lhes damos bronca, e nos dão o conforto que muitas vezes os da nossa mesma espécie nos negam.

E quando eles se vão, o aperto no peito é praticamente o mesmo que sentimos quando algum ente querido humano se vai.

Há pessoas que passam pela vida e saem dela sem acrescentar nada de bom. E há bichos que passam pela vida e nos deixam lições: amor, pra ser eterno, tem que ser incondicional.

Saudades do meu Bóris Gatão...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008


Desta vez é a falta de tempo que tem me impedido de aparecer por aqui. O curso de Nutrição tem me tomado as manhãs e me deixado o dia inteiro com sono. Também, desde que comecei a dar aulas que trabalho somente à tarde, de maneira que podia dormir até umas nove, dez horas, por aí. Me acostumar com esse novo ritmo de vida vai ser difícil, mas tô encarando tudo como um desafio.


Tem tanta coisa que eu queria escrever, tantos assuntos, e o tempo anda escorregadio.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Enfim, é isso

É, realmente dizer a verdade não é fácil. Mas o problema nem é dizer a verdade. O problema é quando a gente acaba dizendo mais do que queria dizer, por conta do nervosismo do momento.
Acho que é por isso que muitas vezes eu prefiro ficar na minha. No meu caso, as chances de as palavras desabarem como uma grande avalanche realmente são muito grandes.
Mas é possível aprender sempre com tudo. Espero que todos, inclusive eu, tenhamos aprendido alguma coisa com tudo isso. Eu, por meu lado, aprendi que minha calma é aparente. Aprendi também que é preciso saber a hora de parar e que ser humilde e pedir desculpas (por aquilo que se disse a mais) não é um ato de fraqueza, mas de caráter.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ser professora


Não sei se já comentei isso aqui, mas ser professora também é bom. Trabalho nos turnos da tarde e da noite na escola e sempre costumo dizer que termino o turno da tarde com raiva e, o da noite, sempre com alegria.

Ontem recebi uma homenagam inusitada de um dos meus alunos da quinta série noturna, um senhor de 73 anos. Já falei dele aqui quando postei sobre o discurso de orador que ele fez no dia da formatura de sua turma na quarta série. Comentei também que ele aprendeu a ler e a escrever já depois de idoso. Seu discurso foi um dos mais sábios que já ouvi na vida, pois nele dizia o quanto é importante que se aprenda a ler e escrever para não correr mais risco de, por ignorância, ser enganado pelos outros.

Esse senhor também gosta de escrever poemas. São registros feitos com uma simplicidade muito grande, nada de grandezas literárias, mas também lembro que postei aqui que todo mundo tem um pouco de poeta dentro de si, mesmo que não entenda muito de técnicas de poesia. E ele, embora não domine a técnica e ainda tropece na ortografia e na pontuação, possui o sentimento poético, que a meu ver é o primeiro grande ingrediente para uma pessoa tornar-se poeta ou poetisa de verdade.

Pois bem, ontem ele me apareceu com um poema escrito em minha homenagem. Confesso que fiquei meio sem ação. Pediu para lê-lo em voz alta para o restante da turma. Cedi um espaço antes do fim da aula. O poema, vou reproduzi-lo tal como ele o escreveu:


" Vou fazer uma mensagem a uma jovem sedutora ela é encantadora uma jovem promissora ela é nossa sucessora ela é uma educadora e a nossa professora ela é eficiente com heroísmo e talento uma jovem inteligente e é muito competente na escola que dá aula sempre está presente, seu trabalho não esgota escreve com a mão canhota com a minha rapidez tem o traço de princesa em um castelo de areia parece uma sereia em noite de lua cheia uma jovem preparada não sei se ela é casada, solteira ou separada, só sei que ela é muito educada ela está de parabéns jovem que não tem malícia o nome dela é Patricia promete ser sobre missa a família que ela tem." JC


Meu P.S.: onde se lê "sobre missa", leia-se "submissa".


Às vezes a gente reclama da falta de reconhecimento da nossa profissão, mas quando falamos disso, normalmente pensamos no salário, no plano de carreira, na falta de tempo para formação.

Só que, no fundo, são pequenas atitudes de coração, como essa do meu aluno, que fazem com a gente perceba que o trabalho feito em sala faz a diferença para alguém de maneira positiva.

Tô tão acostumada a ser desrespeitada, humilhada por vezes dentro da sala de aula, que se torna difícil enxergar que o meu trabalho tem importância para alguém em algum lugar daquelas quatro paredes.

Ao mesmo tempo, bate um sentimento de culpa por nem sempre corresponder às expectativas daqueles que esperavam algo de bom de mim.

Ser professor às vezes tem cada surpresa... Graças a Deus.

Mais uma do senhor Kanitz


Por que é tão difícil dizer na lata aquilo que pensamos?


"Como Combater a Arrogância


Muitos leitores perguntaram ao longo deste mês qual era a minha agenda oculta. Meus textos são normalmente transparentes, sou pró-família, pró-futura geração, pró-eficiência, pró-solidariedade humana e responsabilidade social. Mas, como todo escritor, tenho também uma agenda mais ou menos oculta. Sempre que posso dou uma alfinetada nas pessoas e nos profissionais arrogantes e prepotentes. É a reclamação mais freqüente de quem já discutiu com esses tecnocratas. Uma vez no governo, parece que ninguém mais ouve. Eles confundem ser donos do poder com ser donos da verdade. Fora do governo, continuam não ouvindo e, quando escrevem em revistas e jornais, é sempre o mesmo artigo: "Juro que eu nunca errei". Toda nossa educação "superior" é voltada para falar coisas "certas". Você só entra na faculdade se tiver as respostas "certas". Você só passa de ano se estiver "certo".
Aqueles com mestrado e Ph.D. acham equivocadamente que foram ungidos pela certeza infalível. Nosso sistema de ensino valoriza mais a certeza do que a dúvida. Valoriza mais os arrogantes do que os cientificamente humildes. É fácil identificar essas pessoas, elas jamais colocam seus e-mails ou endereços nos artigos e livros que escrevem. Para quê, se vocês, leitores, nada têm a contribuir? Elas nunca leram Karl Popper a mostrar que não existem verdades absolutas, somente hipóteses ainda não refutadas por alguém. Pessoalmente, não leio artigos de quem omite seu endereço ou e-mail. É perda de tempo. Se elas não ouvem ninguém, por que eu deveria ouvi-las ou lê-las? Todos nós deveríamos solenemente ignorá-las, até elas se tornarem mais humildes e menos arrogantes. Como não divulgam seus e-mails, ninguém contesta a prepotência de certas coisas que escrevem, o que aumenta ainda mais a arrogância dessas pessoas.
O ensino inglês e o americano privilegiam o feedback, termo que ainda não criamos em nossa língua – a obrigação de reagir à arrogância e à prepotência dos outros. Alguém precisa traduzir bullshit, que é dito na lata, sempre que alguém fala uma grande asneira. Recentemente, cinco famosos economistas brasileiros escreveram artigos diferentes, repetindo uma insolente frase de Keynes, afirmando que todos os empresários são "imbuídos de espírito animal". Se esse insulto fosse usado para caracterizar mulheres, todos estariam hoje execrados ou banidos. "A proverbial arrogância de Larry Summers", escreveu na semana passada Claudio de Moura e Castro, "lhe custou a presidência de Harvard." Lá, os arrogantes são banidos, mas aqui ninguém nem sequer os contesta. Especialmente quando atacam o inimigo público número 1 deste país, o empreendedor e o pequeno empresário.
Minha mãe era inglesa, e dela aprendi a sempre dizer o que penso das pessoas com quem convivo, o que me causa enormes problemas sociais. Quantas vezes já fui repreendido por falar o que penso delas? "Não se faz isso no Brasil, você magoa as pessoas." Existe uma cordialidade brasileira que supõe que preferimos nunca ser corrigidos de nossa ignorância por amigos e parentes, e continuar ignorantes para sempre. Constantemente recebo e-mails elogiando minha "coragem", quando, para mim, dizer a verdade era uma obrigação de cidadania, um ato de amor, e não de discórdia.
O que me convenceu a mudar e até a mentir polidamente foi uma frase que espelha bem nossa cultura: "Você prefere ter sempre a razão ou prefere ter sempre amigos?". Nem passa pela nossa cabeça que é possível criar uma sociedade em que se possa ter ambos. Meu único consolo é que os arrogantes e prepotentes deste país, pelo jeito, não têm amigos. Amigos que tenham a coragem de dizer a verdade, em vez dos puxa-sacos e acólitos que os rodeiam. Para melhorar este país, precisamos de pessoas que usem sua privilegiada inteligência para ouvir aqueles que as cercam, e não para enunciar as teorias que aprenderam na Sorbonne, Harvard ou Yale. Se você conhece um arrogante e prepotente, volte a ser seu amigo. Diga simplesmente o que você pensa, sem medo da inevitável retaliação. Um dia ele vai lhe agradecer."


Stephen Kanitz é administrador (http://www.kanitz.com/)
Revista Veja, Editora Abril, edição 2036, ano 40, nº 47, 28 de novembro de 2007, página 22

Meu P.S.: A verdade é que aprendi muito com aqueles e aquelas que não tiveram receio algum de dizer o que pensavam de mim. Muitos desses são meus grandes amigos hoje. Mas devo confessar, a vida inteira me acostumei a sempre ouvir as verdades na lata e quase nunca pronunciá-las a alguém que estivesse precisando. Talvez tenha chegado o momento de fazê-lo. Não sei como será, mas também é outro risco que terei de correr. Definitivamente, viver é correr riscos.

De volta


Andei sumida, mas a verdade é que não escrevi mais nada por pura preguiça mesmo. O recesso passou, as aulas recomeçaram e eu tomei uma decisão meio radical: me inscrevi num curso técnico de Nutrição pelo Senac. Um ano e meio de curso.

As aulas começarão agora dia 11 e eu ainda não sei o que pensar dessa decisão. Levei em consideração na escolha o fato de que o mercado de trablho em Nutrição é vasto. Escolhi o Senac porque além de ser umas instituição reconhecida, ela tem também muitos contatos com empresas para as quais encaminha os estudantes que se destacam no curso.


Radical, mas a matrícula no curso mostra que finalmente eu tomei a decisão de mudar, ou de pelo menos ter a opção de mudar. Até porque neste momento, até os outros com os quais convivo percebem a minha insatisfação com a profissão.


Engraçado é que no momento de fazer a matrícula, me peguei numa espécie de conflito interno: "Por que preciso mudar de profissão, oras?" - foi o que pensei - "tenho uma emprego estável, do qual não serei demitida a não ser que cometa um erro muito grave (do tipo botar fogo na escola ou esganar uma aluno na sala de aula), ganho até bem, por que querer mudar?". O conflito bateu forte. Me pareceu aquele medo de quem tá muito acomodado e seguro dentro do emprego que apesar de muitas vezes detestar, é o que paga as contas. Querer sair do certo-odioso para ir atrás do incerto.


Mas, como eu disse, pelo menos tomei a decisão de tentar outra coisa. E nutrição era até uma área que eu tinha curiosidade de conhecer, de estudar. Corro o risco de entrar no curso e não gostar? É um risco que vou ter que correr, e corro sem medo.

Viver é correr riscos, mesmo.



quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ainda há esperança


Tô fazendo contagem regressiva para o recesso. Verdade seja dita: estou empurrando esses últimos dias com a barriga e procurando não pensar que no segundo semestre a parada vai ser dura, e sem direito a feriado prolongado.

A Semana passada comecei a dar aulas como eventual numa escola pública municipal da terrinha da Mauá. Quanta diferença! Realidade completamente diferente. Escola organizada, alunos mais disciplinados, mais interessados, e que não chegam à oitava série analfabetos, veja que milagre! Claro que existem os problemas, afinal, nada é perfeito, mas alguma coisa me diz que se eu tivesse começado a minha carreira numa escola assim, talvez eu não estivesse hoje tão desanimada com o magistério.

Pra se ter uma idéia , os alunos nesta escola tem aula de Filosofia na 2a. série. A pivetada aprende a pensar desde cedo. Existem os alunos indisciplinados? Existem, sim. Mas há uma diferença nítida, e eu que sempre dei aulas em escolas-problema consigo perceber rapidinho: a diferença entre a rebeldia própria da adolescência, que é a que encontro nessa escola de Mauá, e a agressividade que às vezes alcança a violência pura e simples, que é a que sempre encontrei desde que comecei a trabalhar nas escolas da prefeitura de São Paulo.

No primeiro dia de trabalho na escola de Mauá, entrei numa 8a. série. Me apresentei, e os alunos vieram me pedir para eu deixar a aula livre, já que na próxima aula aconteceria a prova de ciências. Concordei, e a cena que vi a seguir foi digna de um quadro de Salvador Dali. Os alunos, individualmente, ou em grupinhos, sentarem-se, abriram seus livros e cadernos de ciências e começaram a ESTUDAR. Fiquei só observando. Alguns liam compenetrados, outros iam tomando as lições dos colegas. Me lembrei da época em que eu estudava. Era daquele jeito.

Pensei que isso não existisse mais. Desde que comecei a dar aulas como profissional de carreira, há três anos, foi a primeira vez que vi alunos se sentando e estudando por livre e espontânea vontade dentro da sala de aula.

Tive duas sensações diferentes: a primeira, a de que nem tudo está perdido, graças a Deus. A segunda: a de que existe muita coisa errada na política de educação da prefeitura de São Paulo.

sábado, 14 de junho de 2008

pensamento positivo!!


" Às vezes se perde o Brad Pitt para se ganhar a Angelina Jolie mais tarde". É só isso o que tenho a dizer à minha querida e amada Silvia. Semana complicada essa, né amor?

Mas não tenho dúvida nenhuma de que você vai conseguir algo muuuuuito melhor do que o que você tinha antes. E você sabe que pode contar comigo para o que der e vier também. Sempre. Se as trevas vierem (o que duvido), estarei acendendo o farol do meu carro para iluminar o seu caminho.

" Aqueles que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão, eu passarinho" (Mário Quintana)

Um dia entre o inferno e o céu


Deixei o blog largado, sei disso. Mas a verdade é que me faltou tempo, vontade ou sei lá o que me impediu de passar por aqui.

Meus pais viajaram no dia 31 passado e eu e minha irmã tivemos que assumir as despesas e os afazeres da casa.

Estar só em casa nunca me incomodou antes. Muito pelo contrário, era sinônimo de poder fazer o que quisesse em casa, andar até pelada sem que houvesse alguém pra chamar a atenção. Desta vez, não sei por que raios, ficar sozinha em casa tem sido motivo até para crises nervosas, como a que aconteceu na quarta passada comigo. Nunca me vi num estado de ansiedade tão grande. De repente, andava pela casa desnorteada, com a mão na cabeça. Mil pensamentos vinham ao mesmo tempo sem que eu pudesse organizá-los de maneira lógica. Dei um estalo e pensei: não tô bem. No que tive esse estalo, bateu uma espécie de desespero. Tinha vontade de chorar, mas não conseguia, me sentia sufocada.

O silêncio em volta só fazia piorar a situação. Mas desconfio que não foi a solidão a principal causa dessa crise. Talvez a constatação de que estava sozinha diante de uma angústia já existente tenha feito com que ela aumentasse. Sei o que me causou essa crise: estou desenvolvendo pânico de dar aula em certas classes. Nesse dia eu teria duas aulas numa oitava série que eu detesto e que só entro pra cumprir horário. Lá, me sinto a pior das professoras diante dos piores alunos.

Sei que foi essa a causa da crise porque há umas duas semanas atrás, indo de carro para o trabalho também numa quarta-feira, quase desviei o caminho e fui pra outro lugar assim que lembrei que teria essas duas aulas nessa sala. Tive que fazer uma oração no meio do trânsito afim de poder criar coragem para seguir o caminho rotineiro.

Desta última vez não houve oração que desse jeito. Liguei várias vezes para o celular da Silvia, me sentia aliviada da angústia e da solidão falando com ela, mas ainda não conseguia chorar. Me lembrei que aquele horário de almoço a minha irmã estava livre do trabalho e liguei pra ela. Foi só aí que consegui chorar o que precisava pra tirar o peso de dentro de mim. Liguei para a escola dizendo que não iria chegar para as duas primeiras aulas, justamente as que eu teria na oitava. Consegui me sentir sossegada, mas com a certeza de que o sofrimento só estaria resolvido por aquele dia, outros dias angustiantes como aquele poderiam vir mais pra frente.

Ironicamente, nesse mesmo dia entrei na sala de aula à noite, e ouvi os alunos conversando entre eles que eu era uma das melhores professoras que eles tinham. Senti uma grande satisfação. Uma das alunas chegou a dizer que eu era como arroz e feijão, estava ali todos os dias e no dia em que eu não estava, eles sentiam falta. " A senhora é o nosso feijão com arroz de cada dia". Sorri e respondi: "Vocês são a minha razão de ainda estar no magistério". Saí da escola com um sorriso de satisfação e de dever cumprido.

Mais uma vez, com um gol milagroso aos 47 do segundo tempo, o meu dia foi salvo.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

5 Erros que afastam o professor do sucesso

Júlio Clebsch
1 - Viver no passado
Coordenadores de pouco talento constantemente falam de suas lembranças dos velhos tempos, quando as pessoas trabalhavam mais e recebiam menos, e a vida era menos complicada, e a competição global só acontecia a cada dois anos: Na Copa do Mundo e Olimpíada. Pessoas que sentem saudade desse tempo gastam boa parte do horário de trabalho contando histórias de como era bom antigamente. Você está vivendo no passado? Não está na hora de sair e olhar para frente? Não estou falando de ignorar os sucessos do passado, ou os princípios que permitiram que isso acontecesse, mas as táticas utilizadas hoje em dia para gerenciar tem que ser muito mais flexíveis.Pessoas já não são motivadas pelas mesmas coisas que antes. O dinheiro continua a sendo importante, mas equilíbrio emocional também é. Todos gostam de falar do futuro – mas a única maneira de lucrar com o porvir é planeja-lo e trabalhar com motivação para que ele aconteça.
2 – Nunca arriscar
Em time que está ganhando não se mexe. Se está funcionando, para quê complicar. Gerentes e coordenadores fracos adoram esse tipo de frase e, pior, realmente acreditam nelas.Novas idéias de alunos e colegas são obsessivamente analisadas para descobrir possíveis falhas. Estes falsos líderes não enxergam possibilidades de sucesso – somente o perigo. Suas carreiras são governadas pelo medo e pelo encolhimento em seu canto. Decisões são muitas vezes tomadas baseadas em detalhes e não nas conseqüências importantes. Por exemplo, não contratar uma excelente candidata porque alguém pode ficar com ciúmes.Se você acha que está nesse grupo, comece dando pequenos passos. Arrisque-se em alguma nova iniciativa onde o lado ruim não seja tão grande (sempre tem o lado ruim, ou não seria um risco). Trabalhe sua capacidade de liderança assumindo riscos maiores,com retornos maiores, também . Não estamos falando de ser irresponsável, mas saber lidar com o risco é uma característica fundamental ao sucesso.
3 – Exigir respeito, porque não consegue conquistá-lo.
Líderes fortes nunca têm que relembrar pessoas de seus cargos – todos sabem quem eles são.Um general não precisa ficar dizendo para a tropa que ele é o líder – todo mundo sabe disso Esse respeito é conquistado com o tempo e, principalmente, com os exemplos que o líder dá.Já coordenadores e diretores fracos adoram dizer para os outros, principalmente subordinados, qual é seu título. Como sentem-se inseguros, já que não são dignos do cargo, são freqüentemente questionados e sua única forma de acabar com discussões é dizer que ali, quem manda são eles.A diferença entre um líder que força as pessoas a segui-lo e um líder que tem uma equipe motivada para lhe dar suporte é a diferença entre uma sardinha e um tubarão. Se você está continuamente tendo que justificar sua posição na empresa, você é a sardinha.Existem várias formas de conquistar o respeito e lealdade de seu pessoal. Veja algumas:a)pratique o que você fala;b) não peça que as pessoas façam coisas que você não faria;c) divida o crédito com todos, mesmo quem teve participação marginal.Ninguém gosta do chefe glorioso que leva o crédito pelo trabalho da equipe inteira e não deixa mais ninguém brilhar.
4 – Falta de visão
Por definição, um líder precisa de duas coisas para existir. Seguidores (já falamos sobre isso) e direção – onde você vai levar esses seguidores. É fácil descobrir essas pessoas que não tem a mínima idéia do que fazer com o poder nelas investido. Basta perguntar sobre o futuro da escola, da cadeira, da comunidade. Se uma resposta imediata não surgir – e de preferência em meia dúzia ou menos de frases claras – você encontrou um impostor.Cada indivíduo que quiser ser líder precisa ter uma visão que direcione as pessoas sob sua orientação. Essa visão deve dar suporte à missão da escola, e não ser uma cópia desta. As pessoas querem um propósito que dê certo sentido ao seu trabalho. Um bom líder precisa elaborar uma visão de futuro fácil de ser assimilada e depois repeti-la exaustivamente, para que todos possam trabalhar juntos e tornar o sonho real.
5 – Falta de Acompanhamento
Líderes eficazes exigem e conseguem resultados para as principais iniciativas que querem implementar, muitas vezes usando somente o poder de sua personalidade. Se um líder lança um plano que precisa de atenção e cuidados, e depois de três semanas abandona tudo é porque leu um outro livro da moda, ele é claramente ineficaz. Ele não tem a segurança de seguir suas próprias convicções sobre o que é certo e necessário para a escola, então ele vai se ajustando de acordo com a maré, usando as palavras, idéias e conceitos que estiverem em moda no momento.É preciso prestar atenção naqueles diretores que suspendem projetos ao primeiro sinal de problemas, sem reconhecer que a oportunidade de sucesso geralmente está atrás do muro do fracasso.Não existem recompensa sem risco. Manter o curso durante os períodos difíceis demonstra firmeza de caráter e verdadeira capacidade de liderança para aqueles à sua volta. Se você conhece o problema, decidiu por uma entre várias estratégias possíveis e tem consciência dos possíveis problemas que podem surgir, então tome uma decisão e faça com que ela aconteça.

quinta-feira, 29 de maio de 2008


No que estou pensando agora?
Sei lá, milhares de coisas vêm ao mesmo tempo. Por exemplo:
Por que as atividades que eu preparo para os meus alunos não dão resultado?
Pra quê sou professora, então?
Por que vivo sempre em busca de algo que não tenho e esqueço de valorizar o que tenho?
Por que o final do ano não chega logo?
Por que não consigo parar de roer as unhas?
Por que resolvi fumar depois de velha e bem informada sobre as coisas?
Por que não consigo ficar feliz pela prefeitura de Mauá ter me ligado hoje me chamando para trabalhar como eventual já que provavelmente vou ganhar um pouco mais como eu queria?
Por que não consigo decidir se quero fazer mestrado?
Por que não consigo decidir se quero fazer outra faculdade?
Por que não consigo decidir se quero sair do magistério?


Tô cansada! Quando é que as férias começam mesmo?

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Homenagem tardia às mães


Estava eu fazendo uma pesquisa de poemas na internet para o "Dia de quem cuida de mim" variação para o tradicional Dia das Mães, que ocorrerá amanhã na escola (Sim, é isso mesmo, Dia de Quem Cuida de Mim , já que a nossa escola é cheia de alunos que não tem mãe ou se tem, não vivem com os filhos, de sorte que os mesmos são cuidados por tios, tias, irmãos mais velhos, avós, cachorros etc).

Bem, eu dizia que estava fazendo a tal pesquisa, quando me deparei em especial com um poema de um autor português pouco conhecido, Eugênio de Andrade. Li o poema, e quando dei por mim, percebi que algumas lágrimas caíam dos meus olhos. Li pra minha mãe e por pouco não abrimos o berreiro, e olha que eu sou dura na queda pra chorar.

O poema realmente é lindíssimo, e resume bem a idéia de que para as mães, somos sempre crianças inocentes, mesmo que cresçamos e voemos com as aves.



Poema à mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que te traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me?
Às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;


ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal..."


Mas - tu sabes! - a noite é enorme e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber.


Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...


Boa noite. Eu vou com as aves!



(Autor: Eugênio de Andrade)



(PS: Silvia e Dan, beijo pra vocês!!)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ao vencedor, as batatas!


Esse é o trecho de uma atividade que preparei há alguns anos, quando ainda trabalhava no núcleo de Educação de Adultos da Faculdadade de Educação da USP. Os textos apresentam nível difícil, mas quem insistir em entender vai perceber as semelhanças existentes entre um e outro. Se é verdade que esse exercício de comparação não serve mais em termos didáticos, pelo menos serve para mostrar porque Machado de Assis é atualíssimo e, portanto, fica justificada a afirmação de que é um autor clássico.


Texto 1: Ler o fragmento abaixo, extraído da obra Quincas Borba (1891), de Machado de Assis:

" - Não há morte. O encontro de duas expansões , ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição de sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."

Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908.

Vocabulário

Supressão: corte; eliminação; desaparecimento.
Transpor: ultrapassar; passar além.
Vertente: declive de montanha.
Inanição: enfraquecimento; debilidade.
Despojo: resto; fragmento
Aprazível: que dá prazer.
Canonizar: declarar santo.

Texto 2


"Anuncia-se a guerra na mídia como se o mundo, ou melhor, o Oriente Médio fosse o palco onde se desenrolará o maior reality show da esfera terrestre. O secretário de Estado norte-americano, Colin Powel, atualmente um dos homens mais televisionados do mundo, declara, em um dos pronunciamentos, que os Estados Unidos já possuem um plano para a exploração do petróleo no Iraque. Ninguém mais duvida de que Saddam Hussein nunca foi a razão principal do conflito, mas, de novo, a maior potência do Ocidente deseja controlar a exploração do petróleo. Por causa do “ouro negro”, o número de soldados que já estão ocupando países em torno do Iraque equivale à população de uma cidade média do Estado de São Paulo, 150 mil pessoas.
Os Estados Unidos da América arrogam-se o papel de guardiães da paz, cujo desempenho quase sempre se fez pelo paradoxo da guerra. [...] A paz que se alicerça na guerra é uma falácia. Somente não o é para as empresas americanas que exploram petróleo, que, segundo o Secretário de Estado, já contam com a garantia de participar do controle do petróleo iraquiano. Da mesma forma, ganha a indústria armamentista, cujo capital cresce proporcionalmente ao número de vítimas." (Correio Popular - Opinião - 14/2/2003
)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Pausa para reflexão


"(...)A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães, prepara-se para anunciar o pagamento de bônus aos servidores das escolas, do faxineiro ao diretor, a partir basicamente do desempenho dos alunos. Vai comprar uma briga e tanto com os sindicatos --é dúvida se, neste momento, terá o apoio dos maiores interessados, os pais e alunos.
Seria injusto culpar os professores por todas as mazelas do ensino. Há muito a ser feito em infra-estrutura, cursos de formação, material didático ou até mesmo cuidados com a saúde mental e física dos estudantes. Mas premiar o mérito tem se mostrado em várias partes do mundo como um dos recursos para avançar a educação pública. Nenhuma organização, seja ela qual for, consegue prosperar se os mais esforçados não forem reconhecidos. Só os medíocres podem ser contra a premiação do talento. " Gilberto Dimenstein - Folha Online (11/02/08)


Sim, senhor Dimenstein, nada contra premiar o talento dos mais esforçados, claro. Nesse sentido, estou fora do grupo daqueles que o senhor consideraria medíocres. Mas punir os professores e funcionários pelo mau desempenho do restante do alunado é o mais justo se sabemos que muito desse mau desempenho vem dos problemas que o senhor mesmo mencionou em sua coluna?

quinta-feira, 1 de maio de 2008


Virada Cultural: São Paulo fervendo por todos os lados, saindo gente pelos boeiros, como diz o meu cunhado. Pura diversidade, todas as tribos mais uma vez se encontrando.

Na praça Dom José Gaspar, piano, calma, tranquilidade, público seleto; na República, rock'n roll pesado; na Av São João, MPB e Teatro Mágico; na Av Ipiranga, o palco das meninas e Bruna Caram encantando com a sua voz maravilhosa (e todo o resto também); no Anhangabaú, ballet e dança contemporânea; no Largo São Francisco, música eletrônica. Em vários pontos da cidade, música, teatro, cinema. Uma verdadeira salada cultural.

Curiosamente, a Paulista, que muitas vezes é palco de tantos grandes eventos, na Virada tira uma folga boa. É como se o restante da cidade dissesse: Paulistinha, fica sossegada, afinal você já aguenta milhões na virada do ano, e daqui a pouco em junho, vai aguentar mais uns milhões na parada do orgulho gay.

São Paulo, a terra do trabalho, do estresse, do trânsito pesado, é também a terra da variedade cultural. Como disse a cantora Bruna Caram, mantemos com essa cidade maluca uma relação de amor e ódio, contradição normal numa cidade realmente tão cheia de contradições.


Cavaleiro Andaluz
Bruna Caram
Composição: Otávio Toledo/J.C.Costa Netto


Amanheceu
Um elo entre as civilizações
Um novo Aquiles rompe os grilhões
E a cidade vai conquistar
Não lembra bem
De como aprendeu a lutar


Há tanta gente no calcanhar
Um semi-deus em cada portão
Escapar
A Liberdade dá no Japão
Acrópole é outra visão
Que a Vila Olímpia não alcançou
Decifrar
Há tanta esfinge aqui de cristal
Quanto edifício nesse quintal
Que a erva-cidreira já perfumou

Como emboscar
Dianas nesses bosques que há
Os olhos de Afrodite espiar
Nas fontes desse Parque da Luz

Você zarpou
Na costa da Ligúria bateu
Cruza a Paulista e o solo europeu
Virou meu cavaleiro Andaluz

Se embrenhou
Nesses traçados do coração
Ruelas da avenida São João
Escadarão do Municipal
Surpreendeu
Quem nunca sai da Consolação
Que ao menos na imaginação
Um novo mundo existe afinal
Me leva Cavaleiro Andaluz...

A paz sempre há de estar com você...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Me desculpem, mas não dá pra calar


Eu sei que ninguém aguenta mais ouvir falar nisso, nem eu inclusive. Só quero manifestar a minha profunda irritação com o jornalismo televisivo pela forma absurdamente exagerada, massante e equivocada com que vem tratando o caso do assassinato da menina Isabella. Tá mais do que na cara a intenção de aproveitar-se da repercussão do caso para aumentar a audiência das emissoras. Poucos são os telejornais que se preocupam em ser imparciais (se é que isso é possível) e transmitir somente aquilo que realmente é notícia sobre o caso.


Até programas que nada têm de jornalísticos, como aquele da Luciana Gimenes (Senhor, dai-me forças para não usar o trocadilho no nome da pessoa), martelam todas as noites os detalhes já excessivamente martelados por toda a mídia. Essa semana, por exemplo, chegaram ao cúmulo de entrevistar pessoas na porta do prédio onde moram os pais de um dos dois suspeitos, perguntando-lhes a sua opinião sobre a culpa ou a inocência do casal supostamente envolvido no crime. Pelo amor de Deus, gente! A que ponto chegamos em falta de ética? Sem falar nas pessoas que ficam plantadas na porta da casa dos suspeitos e dos pais dos suspeitos esperando a oportunidade seja de xingar, de cuspir ou linchar os dois. Não desmerecendo o direito do cidadão de manifestar sua indignação com o caso, mas algo me faz pensar que boa parte dessas pessoas não têm o que fazer da vida.


Não cabe ao grande público, inclusive influenciado pela revolta e comoção causados pela crueldade do crime, julgar se o pai e madrasta são culpados ou inocentes. Deixe-se que a justiça dos homens (ou a de Deus) resolva isso! Muito menos cabe à mídia incitar a opinião pública a condenar ou inocentar quem quer que seja. Como eu já disse, isso chama-se falta de ética. E ética é algo que na minha opinião de mera espectadora é o que mais tem faltado na mídia jornalística. Não é a primeira vez que casos de grande repercussão como esses são tratados com tamanho sensacionalismo.

É sinal claro de que a televisão aberta precisa mudar, precisa parar de tratar os telespectadores como idiotas. A meu ver, parece que a mídia jornalística televisiva, sob o pretexto de dizer-se exercendo a chamada liberdade de imprensa, está tratando os fatos de maneira irresponsável, descomprometida com a sua função social de prestadora de serviços à comunidade, e interessada somente na captação de maior audiência em nome de interesses mercadológicos. (santo capitalismo, Batman!)


Pelo jeito não é só a educação pública que precisa de reforma profunda, não. O tema da falta de ética no jornalismo televisivo dá pano pra manga e poderia até virar tema de mestrado ou doutorado. Nem vou querer me aprofundar mais no assunto, pra não correr o risco de fazer observações equivocadas ou pautadas só no "achismo". Quem se interessar que estude mais a respeito.

Só mais algumas reflexões. Por que é que um caso como esse lá da menina, isolado, causou tanta comoção nacional, se todos os dias um monte de criança morre em condições tão ou mais cruéis do que ela? O que faz com que o caso dela seja diferente de tantos outros iguais em crueldade? Será que não é a mídia jornalística, que de tanto martelar o assunto, muitas vezes apelando para o emocional das pessoas, colocando matérias falando da vida da menina (até com musiquinhas suaves de fundo e coisas do gênero), será que não é essa mídia que influencia o pensamento das pessoas e as fazem encafifar-se só com esse bendito assunto?

Se é verdade que a televisão (agora me refiro não só aos telejornalísticos) reflete o comportamento e os valores de uma sociedade, então o fato de alguns programas subestimarem a inteligência dos seus telespectadores mostra que as pessoas andam alienadas com relação às questões que cercam a sociedade em que estão inseridas. Melhor dizendo, se a televisão trata os telespectadores como alienados, é porque a sociedade em si está alienada. Isso me levaria a pensar que uma das soluções viáveis para a melhoria do que nos é transmitido na TV está na própria sociedade. É pra se pensar.

Como disse o meu amigo Daniel, numa observação mais do que pertinente, enquanto nos comovemos com o caso Isabella, enquanto assistimos entrevistas polêmicas com o pai e a madrasta dela, enquanto observamos perplexos ou alienados as incríveis demonstrações de falta de respeito e ética de alguns programas jornalísticos que tratam do assunto, enquanto tudo isso acontece... vai saber o que estão aprontando lá no congresso nacional pra gente, vai saber...

sábado, 19 de abril de 2008

O VERDADEIRO SENTIDO DA AMIZADE - PARTE 2


Continuando...


Arléa. Curiosamente, ela não vai entrar aqui como aquele exemplo de amiga. Se a cito aqui é só porque ela fazia parte do grupo das cinco amigas daquela época. Meus laços de amizade com ela sempre foram frouxos, se é que realmente existiram de fato.Mas, seja por ironia ou não, até hoje mantemos contato. Não pela relação de amizade, mas com toda a certeza pela relação de interesse. Eu tenho uma coisa que a ela interessa. E por isso ela me procura. Hoje ela se aproxima de mim pelo mesmo motivo que se aproximava na época em que éramos estudantes do segundo e terceiro anos do magistério: porque precisa de mim para resolver algo que ela não consegue resolver por capacidade própria.


Posso dizer que a menciono aqui porque ela seria o exemplo de como uma relação de amizade não deve ser construída. Me lembro que quando a gente ia fazer trabalho em grupo na sala, enquanto eu, a Bete e a Mônica nos matávamos, as duas (Arléa e Edna, que infelizmente, foi influenciada pela primeira) conversavam e não faziam nada. Claro que na hora de entregar o trabalho, o nome das duas tinha que aparecer na capa. Elas simplesmente se encostavam na gente.


Não sou amiga da Arléa. Acho que nunca cheguei a ser. Instintivamente, talvez o que chamam de intuição me dizia que ela não era de total confiança. Definitivamente, não era alguém a quem se pudesse confidencir o seu maior segredo. Por isso, sempre procurei manter uma distância segura de sua pessoa. Esse distanciamento foi bom no sentido de que me colocou numa posição neutra em relação a ela e me afastou dos conflitos que resultaram no rompimento da amizade entre ela e os outros membros do grupo, mais tarde.


A Bete. Minha relação de amizade com ela beirava o exagero. Não tinha nada que ela fizesse que eu não estivesse junto. E a recíproca era verdadeira. Ela foi e acho que continua sendo a melhor amiga que tenho na vida. Era a mais nova de nós. Até brincávamos dizendo que no nosso grupo tudo era o contrário: a mais velha, a Arléa, era a mais destrambelhada e a mais nova, a Bete, a mais ajuizada. Ela era o nosso ponto de equilíbrio, o nosso porto seguro. Acho que ainda hoje é.


Por isso, ela se tornou a líder natural do grupo. Carismática, extrovertida, divertida, criativa. A minha admiração por ela sempre foi extremamente profunda. Hoje sei que o que sentia por ela ia além da admiração, mas isso não vem ao caso aqui.


Nesses anos todos de amizade, jamais vi a Bete de mau humor. Já a vi nervosa, furiosa. Mas nunca de mau humor. Se querem ver um exemplo de lealdade, respeito, sinceridade, compreensão, solidariedade, ela é o exemplo.

Me lembro dela usando coturno e camiseta dos Ramones, com quinze pra dezesseis anos. Era roqueira praticante, só andava de preto pra cima e pra baixo. Apesar da aparência louca, era a pessoa mais responsável do grupo. Desde que a conheço que ela gerencia as lojas de calçado do pai dela. Sempre trabalhou desde criança. Só mudou o visual quando conheceu o homem que hoje é o seu marido. Nunca consegui me conformar direito com a casamento dela, aos dezoito anos. É mãe de duas meninas, uma de doze e outra de cinco. A mais velha é a cara dela. A mais nova tem o seu jeito. Uma Bete em miniatura.

Sabe aquele tipo de amizade que às vezes você nem precisa falar nada, basta olhar pro outro e a mensagem se transmite? Nós éramos assim. Amizade verdadeira. Dessas que a gente não tem vergonha nem de contar aquele nosso segredo mais íntimo. Os toques que ela me deu muitas vezes fizeram a diferença na minha vida. Mesmo recentemente.

Ser amiga da Bete sempre foi uma aventura. Até hoje ela enfia a gente numas encrenquinhas, como recentemente, quando ela burlou a segurança do hospital e mentiu para a recepção só pra fazer uma visitinha para a Edna e o filho dela recém-nascido fora do horário de visita. Ela era e continua sendo a rainha da lábia. E sempre foi especialista em transgredir normas. Longe de ter sido um mau exemplo por isso, ela me ensinou que nem sempre as coisas precisavam ser tão certinhas, tão arrumadinhas. De vez em quando, é preciso quebrar barreiras, transgredir, ser desobediente mesmo. Às vezes as coisas só acontecem quando a gente ousa.

Apesar disso, ela sempre me dizia: "é preciso curtir a vida, zoar, mas sempre conhecendo os seus limites" ou "Patricia, curta a vida com responsabilidade".


É, cada uma tomou o rumo de sua vida. Houve um afastamento natural por conta disso. Mas é como eu ja disse antes: pode demorar o tempo que for pra nos encontrarmos, mas quando nos encontramos é como se fosse igual àquela época. Com a diferença que os nossos encontros hoje vêm acompanhados de mamadeiras, brinquedos, manhas e choros de criança - os filhos das meninas.

Com cada uma dessas amigas aprendi algo diferente, mesmo com aquela que nunca foi lá tão amiga. Nós cinco formamos a síntese de como amigos verdadeiros devem agir uns com os outros e também, de como não devem agir. Nesses anos todos, nos abraçamos, discutimos, dissemos verdades ácidas, nos unimos nos maus e bom momentos, nos ajudamos, erramos também umas com as outras. O que nos manteve amigas apesar dos rumos diferentes que tomamos em nossas vidas? É difícil dizer, mas talvez o fato de a Arléa não fazer mais parte do grupo explique isso. Não há amizade que resista a falsidade e atitudes interesseiras.

Portanto, poderíamos dizer que o verdadeiro sentido da amizade reside na sinceridade e na capacidade de ajudar sem esperar algo em troca? Sim, talvez. Só que mais do que isso, grandes amizades resistem ao tempo e à distância porque amigos verdadeiros permitem que possamos ser verdadeiros com eles, em todos os sentidos, sem que sejamos mal interpretados por isso.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O VERDADEIRO SENTIDO DA AMIZADE - PARTE 1


Foi há quinze anos... nossa, quinze anos. Mas enfim, foi quando conheci a Bete, a Mônica, a Arléa. A Edna eu já conhecia antes (17 anos de amizade com a Edna). Cada uma com seu jeito de pensar, se vestir, dizer as coisas. Não tínhamos nada em comum. Pelo menos aparentemente.


A Edna, sempre magrinha, ar ingênuo, voz de criança. Quando mudei de escola, da sétima pra oitava série, foi com ela e com a Cris que travei amizade. Naquela escola cheia de garotas e garotos populares, narizes empinados, nós destoávamos pela simplicidade. Éramos as meninas da periferia numa escola de centro. Mas no começo, a Edna e eu éramos meramente colegas de escola.


Posso dizer que nossa história de amizade começou mesmo a partir do episódio da carta. Eu era apaixonada por um garoto e um dia apareceu uma carta de amor supostamente assinada por ele embaixo da minha carteira. Fiquei morta de felicidade, levei a carta pra casa, respondi, no outro dia lá estava eu com a resposta. Antes que eu pudesse entregá-la ao garoto, chegou a Edna me puxando de canto e cochichando: "Não vou aguentar ver você sendo feita de trouxa. A carta que você recebeu ontem era falsa. Foi aquela turma ali que escreveu" ( e apontou para o outro lado da sala, onde um grupo de meninos e meninas ria sem parar, talvez da minha falta de malícia) "eles resolveram fazer essa brincadeira de mau gosto pra ver você passar vergonha na frente do menino", completou.


Pode parecer bobagem, mas até hoje lembrar desse episódio me dá uma tristeza profunda. Tive muitas decepções na minha vida amorosa, mas quando me lembro dessa, a vontade de chorar é inevitável.


Bom, mas o fato é que desde esse dia até hoje, dezessete anos depois, a Edna e eu mantemos amizade. Estamos um pouco afastadas hoje, é verdade, por conta das circunstâncias da vida. Afinal, cada um vai tomando rumos diferentes, e o afastamento é natural. Mas sempre que temos oportunidade de nos encontrar, junto com o restante da turma, sempre parece que nunca nos afastamos, tal é a naturalidade com que a conversa flui. E até hoje quando olho pra ela, me lembro do seu gesto de lealdade no episódio da carta.


A Mônica, bem, ainda hoje estive na casa dela. Aos 32 anos de idade, mãe de primeira viagem, pude observar o carinho e o cuidado com que trata a filha. Vida tranquila de dona de casa. Alíás, são duas coisas que eu jamais poderia imaginar da Mônica: que ela se tornasse mãe e que passasse a viver uma vida de dona de casa. Quando a conheci em 93, ela parecia um furacão, em todos os sentidos. Agitadíssima. A sua característica mais marcante sempre foi a sinceridade. Não interessava se a pessoa ia achar ruim ou não, ela falava na cara o que pensava. Ainda hoje é assim. Pela sua sinceridade, lógico, cultivou alguns "inimigos", arrumou algumas encrencas. Eu mesma fui alvo várias vezes da sua imensa franqueza. Mas posso dizer que foi por causa de suas observações a meu respeito que eu passei a encarar a vida de um jeito mais ativo. Até conhecê-la, minha vida se resumia a me trancar em casa, ver TV, fantasiar a vida e não vivê-la de fato. Foi a partir dos seus "toques" que eu comecei a ir atrás de emprego, que eu comecei a ter menos medo de falar em público, que eu passei a brigar e protestar quando não concordava com alguma coisa (toque é bondade, ela me dava era umas porradas morais mesmo).

A amizade com ela não era fácil, nunca foi. Por vezes ficava magoada e chorava com as verdades que ela me dizia. Eram verdadeiros "choques de mente", que me faziam pensar e mudar minhas atitudes.

Ela se tornou minha amiga. E das melhores. Se não tivesse se tornado, talvez eu me lembrasse dela como uma chata inconveniente. No entanto, aprendi a ver por trás da sua sinceridade que por vezes beirava a rabugice, um ser generoso. Por trás das palavras ácidas, se escondiam mensagens subliminares que graças a Deus consegui interpretar de maneira positiva: SE LIGA, A VIDA É MAIS DO QUE ISSO QUE VOCÊ VIVE!!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Só rindo mesmo


Dicas de Redação

1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.
2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
3. Anule aliterações altamente abusivas.
4. não esqueça as maiúsculas no início das frases.
5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
6. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??… então valeu!
9. Palavras de baixo calão, carac@, podem transformar o seu texto numa m&rd@.
10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.
13. Frases incompletas podem cansar
14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.
15. Seja mais ou menos específico.
16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17. A voz passiva deve ser evitada.
18. Utilize a pontuação corretamente o
ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação ?
19. Quem precisa de perguntas retóricas?
20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
22. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei! ”
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!
25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
27. Seja incisivo e coerente, ou não.
28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.
29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões uai, que acabem por denunciar a região onde tu moras, carajo!… nada de mandar esse trem… vixi… entendeu bichinho?
30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o
tempo todo sem parar.

(Fonte: www.perguntascretinas.com.br)

quarta-feira, 9 de abril de 2008


Amanheci romântica e, conseqüentemente, brega. Portanto, perdoem-me se o gosto musical não agradar.


Christina Aguilera - Si No Te Hubiera Conocido
http://www.youtube.com/watch?v=xW3cOUkkiEE

Como un bello amanecer, tu amor un día llegó
Por tí dejó de llover y el sol de nuevo salió
Iluminando mis noches vacías

Desde que te conocí, todo en mi vida cambió
Supe al mirarte que al fin, se alejaría el dolor
Que para siempre seríamos dos enamorados,
siempre de manos, eternamente


Si no te hubiera conocido no sé que hubiera sido de mi
de mi amor
Sin tu mirada enamorada no sé si yo podría vivir
Sin el latido de tu corazón
El mundo es más frio
Nada tendría sentido
Si nunca te hubiera conocido


Toda mi vida soñé con tu llegada mi amor
Así yo te imaginé, tan bella como una flor
Supe que siempre seríamos dos enamorados,
siempre de manos, eternamente

Si no te hubiera conocido no sé que hubiera sido de mi
de mi amor
Sin tu mirada enamorada no sé si yo podría vivir
Sin el latido de tu corazón
El mundo es más frio
Nada tendría sentido
Si nunca te hubiera conocido




sábado, 29 de março de 2008

Sonhar é preciso



Da Aurora Até o Luar
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes / Dadi Carvalho


Quando você for dormir
Não se esqueça de lembrar
Tudo que aconteceu
Da aurora até o luar


Olho de janela
Nuvem de algodão
Pele de flanela
Sopa de vulcão


Borda de caneca
Bola de papel
Ferro na boneca
Lágrima de mel


Toda noite lembra o que aconteceu de dia
Sonha para o sono vir

Quando você for dormir
Quando você se deitar
Deixa o pensamento ir
Sem ter nunca que voltar


Música vermelha
Pássaro de flor
Chuva sobre a telha
Beijo de vapor


Riso no escuro
Lua de beber
Voz detrás do muro
Medo de morrer


Toda noite cria o que acontecerá de dia
Para o novo dia vir


A letra dessa música fala sobre uma coisa que parece que as pessoas andam esquecendo de fazer ultimamente: sonhar. Sonhar acordado. Pior, são justamente os mais jovens os que mais estão sofrendo do mal da falta de sonhar.

Sei que o pior defeito que um professor pode ter é ser pessimista, mas quando entro na minhas salas de oitava série, a impressão que eu tenho é que nós estamos formando seres alienados e apáticos, que mais tarde serão adultos ignorantes e imaturos. Se perguntamos o que sonham ser quando crescerem, respondem sacudindo os ombros e fazendo cara de "sei lá", ou fazem como dois dos meus alunos já disseram pra mim: "Ah, sôra, vou ser bandido!"

Claro que eles não tem culpa. Para muitos, a realidade é a seguinte: o pai tá desempregado e fica afogando as mágoas no bar; a mãe, quando o aluno ou aluna tem mãe, às vezes trabalha o dia inteiro e chega só à noite, e no momento em que deveria dar atenção pros filhos,vai cuidar dos afazeres domésticos, ou simplesmente prefere ver a novela das oito e manda calar a boca o menino que quer conversar sobre o que fez na escola.

Nos casos mais graves, o pai tá preso, o tio é traficante, a mãe é uma puta bêbada, e a criança reflete na escola a realidade que vê em casa e nas ruas. Muitos são filhos e filhas de mães prematuras, ou seja, aquelas que engravidaram ainda adolescentes, nos anos 90. Talvez até por conta disso, muitos também são criados por avós. São absolutamente carentes de afeto familiar, portanto. Alguns alunos podem ser vistos vendendo bala ou pedindo esmola em faróis perto dali.

Vivendo realidades tão adversas, fica difícil ter expectativa de futuro, quanto mais expectativa de futuro positiva.

Esses alunos e suas famílias convivem com necessidades imediatas, onde é o presente que importa. Sonhar é artigo de luxo: viver é preciso, sonhar não é preciso.

E a escola e o professores nisso tudo? Trata-se de um desafio enorme, e a escola passa nesse momento por uma séria crise de identidade. Mas esse é um assunto pra outro post.

Sou pessimista? Não sei! Sei que continuo sonhando e é isso que me faz seguir em frente. Sou como a flor do Drummond, tentando furar o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Fica pelo menos a beleza poética da canção de Arnaldo Antunes, até pra mostrar que eu não sou a única que ainda sonha.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Entre o ser e o querer ser


Às vezes tanta coisa me vem à cabeça ao mesmo tempo e eu tenho vontade de escrever tudo aqui. Mas como enlaçar as palavras que batem e voltam no cérebro como aqueles carrinhos de brinquedo? Queria ser tanta coisa, mas sou apenas eu mesma, alguém procurando fazer as coisas direito, mas sempre errando enquanto tenta. E nunca deixando de tentar. Nada mais humano.
Isso que escrevi me fez lembrar um conto lindo do Machado de Assis, "Um homem célebre", que fala justamente sobre você querer ser uma coisa que você não é, e desprezar a sua própria essência, embora seja bela também. Pestana, o protagonista do conto, tem enorme talento para compor modinhas (as polcas, muito populares no séc. XIX), mas queria mesmo era ser um grande compositor clássico, como Mozart e outros. Mais ou menos como você querer ser um Tim Maia mas ser só Maurício Manieri, entendeu? Bom, para se inspirar, ele tem na sua sala o retrato de seus mestres. Por vezes, tem acessos de inspiração e, quando se senta ao piano e começa a tocar, o que acaba saindo é sempre uma... polca.
Há duas passagens que gosto muito. A primeira mostra Pestana em sua casa, tentando encontrar inspiração para compor o seu sonhado clássico. Inquieto, busca inspiração nas estrelas do céu e nos retratos de seus mestres e , ao mesmo tempo, divaga em pensamentos...

"Entre meia-noite e uma hora, Pestana pouco mais fez que estar à janela e olhar para as estrelas, entrar e olhar para os retratos. De quando em quando ia ao piano, e, de pé, dava uns golpes soltos no teclado, como se procurasse algum pensamento, mas o pensamento não aparecia e ele voltava a encostar-se à janela. As estrelas pareciam-lhe outras tantas notas musicais fixadas no céu à espera de alguém que as fosse descolar; tempo viria em que o céu tinha de ficar vazio, mas então a terra seria uma constelação de partituras. Nenhuma imagem, desvario ou reflexão trazia uma lembrança qualquer de Sinhazinha Mota [uma de suas fãs], que entretanto, a essa mesma hora, adormecia, pensando nele, famoso autor de tantas polcas amadas. Talvez a idéia conjugal tirou à moça alguns momentos de sono. Que tinha? Ela ia em vinte anos, ele em trinta, boa conta. A moça dormia ao som da polca, ouvida de cor, enquanto o autor desta não cuidava nem da polca nem da moça, mas das velhas obras clássicas, interrogando o céu e a noite, rogando aos anjos, em último caso ao diabo. Por que não faria ele uma só que fosse daquelas páginas imortais?"


A outra me lembrou muito os dias atuais. Pestana, como compositor famoso de polcas, mantem contrato com um editor de partituras (naquele tempo, obviamente, ainda não existiam as grandes gravadoras de discos, nem muito menos cds, então vendia-se as partituras impressas e quem soubesse tocar algum instrumento, tocava nos eventos festivos). Pestana compõe suas polcas por encomenda e na hora de apresentá-las ao editor, leia o que acontece:
"Veio a questão do título. Pestana, quando compôs a primeira polca, em 1871, quis dar-lhe um título poético, escolheu este: Pingos de Sol. O editor abanou a cabeça, e disse-lhe que os títulos deviam ser, já de si, destinados à popularidade, ou por alusão a algum sucesso do dia, — ou pela graça das palavras; indicou-lhe dois: A Lei de 28 de Setembro, ou Candongas Não Fazem Festa. — Mas que quer dizer Candongas Não Fazem Festa? perguntou o autor.

— Não quer dizer nada, mas populariza-se logo.

Pestana, ainda donzel inédito, recusou qualquer das denominações e guardou a polca, mas não tardou que compusesse outra, e a comichão da publicidade levou-o a imprimir as duas, com os títulos que ao editor parecessem mais atraentes ou apropriados. Assim se regulou pelo tempo adiante.

Agora, quando Pestana entregou a nova polca, e passaram ao título, o editor acudiu que trazia um, desde muitos dias, para a primeira obra que ele lhe apresentasse, título de espavento, longo e meneado. Era este: Senhora Dona, Guarde o Seu Balaio.

— E para a vez seguinte, acrescentou, já trago outro de cor.

Exposta à venda, esgotou-se logo a primeira edição."


Os produtores de hoje fazem exatamente isso com os artistas em início de carreira: mudam seus nomes e os nomes de suas músicas para torná-las mais atraentes ao grande público. Machado de Assis atualissímo e, como sempre, revelador como ninguém dos segredos da essência humana. Me identifiquei de cara com a personagem principal.


Eu queria ter talento pra ser escritora, desde criança sempre quis ser. Sempre admirei os meus mestres Manuel Bandeira, Machado de Assis, Guimarães Rosa e outros, e sempre me imaginei escrevendo inspirada neles. Mas tudo que eu sempre consegui escrever só versa sobre mim mesma, em conteúdo encontrado nos meus diários escritos à caneta nas agendas ou cadernos dados por outros. Hoje, reflexo da era virtual, esses escritos egocêntricos são divulgados via blog. Fazer o quê, sou mais um Pestana Manieri da vida.
Quem tiver curiosidade de ler o conto, pode encontrá-lo na íntegra neste site: http://www.gargantadaserpente.com/coral/contos/massis_celebre.shtml , ou pode procurar um exemplar do livro que eu tenho em casa, livro em aparecem outros excelentes e famosos contos do mestre Machado (O alienista, A Missa do Galo, A cartomante, O Espelho etc.) , Machado de Assis - Contos, da coleção L&PM POCKET.