sexta-feira, 27 de abril de 2007

Cupido repetitivo


"Os dias não se descartam, nem se somam,
são abelhas que arderam de doçura
ou enfureceram o aguilhão:
o certame continua,
vão e vêm as viagens do mel à dor."

(Pablo Neruda)



Me lembro do dia em que descobri que estava apaixonada pelo Marcelo, meu primeiro amor platônico ( e como todo amor platônico, não correspondido).


Foi, no mínimo, estranho; estranho como tudo o que é novo. Foi há 16 anos. Eu em cima de um caminhão de leite, em plenas férias de julho na Bahia, junto com os meus pais, descobri no bolso da minha bermuda um papel de bala amassado, dessas que têm mensagem romântica. O Marcelo tinha me dado a bala dias antes.


Eu guardei o papel. O vento quase o levou durante a viagem de caminhão. Desesperada, fui à cata do papel para guardá-lo novamente. Foi aí que me dei conta: por que guardar aquele pedaço de papel insignificante? A ficha caiu...


E foi assim o início de tudo. De como comecei a descobrir o paraíso e o inferno de amar alguém...

quarta-feira, 25 de abril de 2007

A VIDA É UM PISCA-PISCA


Uns dias atrás eu me deparei com um livro da coleção do Monteiro Lobato, "Memórias da Emília" (1936). É difícil de acreditar, lendo o livro, que ele tenha sido feito pra crianças, embora se saiba que o autor escreveu vários de seus livros buscando muito mais atingir o público adulto que o infantil, assim como fez Chico Buarque quando escreveu as canções do musical "Os saltimbancos" nos anos 70. Acho que é o caso desse.

Logo no início do livro, aparece um diálogo entre a boneca Emília (sou fã dela, boneca de personalidade forte, sabe o que quer) e o Visconde de Sabugosa. Achei tão impressionante que li o trecho pra família inteira. Daqui a pouco eu coloco.

Mas do que fala o livro? Bom, Emilia quer reunir num livro as suas memórias e pra isso, chama o Visconde pra ajudá-la. Logo de entrada ela diz que todo livro de memórias precisa ter uma pitada de mentira, porque se o indivíduo não inventa alguma coisa pra colocar sobre sua vida, o leitor vai achar que a vida do sujeito é igual a qualquer outra, ou seja, comum demais. Achei isso o máximo, me fez lembrar o que a gente busca quando assiste a um filme ou lê um livro, ou mesmo quando vê um capítulo de novela: que graça teria se a gente se deparasse sempre com a mesma realidade que vive todos os dias? Outro dia na escola, a coordeadora pedagógiaca tava falando que os alunos do EJA queriam fazer passeios diferentes. Dias antes eles foram assistir a uma peça que falava sobre pobreza e miséria. Não gostaram. Argumento: "porque nós iríamos querer ver representada a realidade que já conhecemos? Queremos ver coisas diferentes, e que nos botem pra cima". Por outro lado, o que querem os gringos que saem lá do seu conforto de primeiro mundo na Europa e nos EUA pra conhecer favela e gueto aqui no Brasil? É só pensar. Vivemos buscando coisas que estão além da nossa realidade mesmo... é natural do ser humano.

Ai, viajei... mudei muito de assunto, tava falando do livro "Memórias da Emília". O trecho que mais me impressionou e que eu já comentei acima é esse:


"A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais. [...] A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia.

Pisca e mama;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre? - perguntou o Visconde.

- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é? "

(Monteiro Lobato- Memórias da Emília)


Não me lembro bem em qual momento Emília expôs sua teoria sobre a vida, porque já faz um tempo que li o livro e não tenho ele aqui, mas a síntese da existência humana está, nesse trecho, brilhantemente representada pela metáfora do pisca-pisca de olhos. Maravilhoso! Como é poético e filosófico ao mesmo tempo.
Só que ainda me intriga a afirmação de que quando a gente morre, vira hipótese. Ainda não consegui atinar com o sentido disso. Se alguém que de repente, por curiosidade ou por acaso mesmo, passar por esse blog e quiser me esclarecer, ficarei agradecida.


E desejo a todos que procurem dar uma piscada de cada vez, e como diz o sábio Macaco Simão, pingando sempre um colírio alucinógeno, porque ninguém é de ferro.


PS: 27/04 - Tive respostas disso no orkut, através de um tópico que eu criei na comnidade do Monteiro Lobato.

Resposta 1:

Toffo diz: Hipótese, no sentido comum, significa conjectura, presunção, pressuposição, isto é, ocorre quando a imaginação antecipa um conhecimento para explicar um fato, independentemente de esse conhecimento ser verdadeiro ou falso. No sentido filosófico, significa proposição (ou conjunto de proposições) antecipada provisoriamente como explicação de fatos, fenômenos naturais, e que deve ser ulteriormente verificada pela dedução ou pela experiência. Quando Emília diz que quem morre vira hipótese, quer dizer justamente isso: que vira uma proposição a ser verificada no futuro, já que no presente isso não é possível.
Resposta 2:
Gian diz, interagindo com a resposta anterior: Bem explicado. Hipotético é algo que pode se confirmar ou ser falseado. Com isso Lobato quer dizer que a pessoa pode continuar uma vida após a morte, ou não. Legal que ele não te dá uma resposta pronta e ainda faz uma bela metáfora.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Sobra tanta falta


Sobra tanta falta de palavras pra expressar o que sinto nesse momento, que só me resta recorrer mais uma vez a uma letra de música...


Sobra Tanta Falta
O Teatro Mágico
Composição: C. Trevisan



"Falta tanta coisa na minha janela
Como uma praia
Falta tanta coisa na memória
Como o rosto dela
Falta tanto tempo no relógio
Quanto uma semana
Sobra tanta falta de paciência
Que me desespero



Sobram tantas meias-verdades
Que guardo pra mim mesmo
Sobram tantos medos
Que nem me protejo mais
Sobra tanto espaço
Dentro do abraço
Falta tanta coisa pra dizer
Que nunca consigo



Sei lá,Se o que me deu foi dado
Sei lá,Se o que me deu já é meu
Sei lá,Se o que me deu foi dado ou se é seu
Sei lá... sei lá... sei lá....



Vai saber, Se o que me deu , quem sabe?
Vai saber, Quem souber me salve
Vai saber, O que me deu, quem sabe?
Vai saber, Quem souber me salve..."

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Segunda-feira. Dia em que não trabalho. Sim, é verdade. No ano passado vivia dizendo pros meus colegas que o meu maior sonho naquele momento era ter um final de semana de três dias. E não é que esse ano eu consegui a proeza de enforcar a segunda-feira? Realizei meu sonho, pelo menos por esse primeiro semestre.
Fico pensando às vezes que realmente não há nada que eu queira e não consiga fazer, mesmo que demore séculos eu acabo conseguindo o que quero. No meu caso, a demora é decidir o que quero, verdade seja dita.
Fui convidada por uma das minhas melhores amigas pra ir hoje à casa dela, ajudá-la a finalmente introduzir-se no mundo virtual. Ela quer fazer parte do orkut. Disse a ela que o orkut é um mundo à parte, em que tanto é possível conhecer novas pessoas, quanto rever velhos amigos, mas que às vezes o orkut age como um verdadeiro "queima-filme" na vida de quem é membro, principalmente no campo dos relacionamentos amorosos. Tem até uma comunidade sobre isso, "o amor constrói, e o orkut destrói".
Dizem também, não sei se é verdade, que tem empresa por aí que antes de contratar um funcionário, pergunta se ele tem orkut e pede para acessar o seu perfil. Se o cara fizer parte de comunidades do tipo, " detesto acordar cedo" ou "Patrão saiu, MSN abriu", pode perder a chance de emprego.
É, participando do orkut e outros sites de relacionamentos, os próprios membros, por livre e espontânea vontade estão expondo a sua privacidade, às vezes de forma perigosa. No ano passado, tive que chamar a atenção de uma aluna minha que colocou no orkut umas fotos meio sensuais. Ela só tinha quinze anos. Disse a ela que no orkut existe muita gente boa, mas que não dá pra confiar porque também existe gente que se aproveita da confiança que você deposita nelas. Ela acabou retirando as fotos.
Eu tento ter cuidado, até porque tem muito aluno meu que me procura e me adiciona.
Bom, mas vou lá ajudar a minha amiga e tentar ver se ela me ajuda também, porque ando triste demais...

domingo, 22 de abril de 2007


Palavras do Coração
Bruna Caram
Composição: Otávio Toledo / J.C.Costa Netto



São sorrisos largos

Lagos repletos de azul

Os corações atentos

Ventos do sul

São visões abertas

Certas despertas pra luz

A emoção alerta

Que nos conduz



Sonhos aventuras

Juras promessas

Dessas que um dia acontecerão

Você me daria a mão?

Todos estes versos soltos dispersos

No meu novo universo serão

Palavras do coração



São os artifícios

Vícios deixando de ser

Os velhos compromissos

Pra esquecer

São pontos de vista

Uma conquista comum

O mesmo pé na estrada

De cada um



Sonhos aventuras

Juras promessas

Dessas que um dia acontecerão

Você me daria a mão?

Todos estes versos soltos dispersos

No meu novo universo serão

Palavras do coração.

sábado, 21 de abril de 2007




Mais um final de semana... e o mês que graças a Deus já começa a ir embora.
Ontem O Teatro Mágico fez um show aqui em Mauá e eu não pude ir porque estava trabalhando. Esse foi só um dos motivos que contribuíram para o aumento do meu mau humor.
Tenho estado assim já há alguns dias. Uma vontade de não sair de casa, de ficar quieta no meu canto, uma sensação esquisita de tristeza que vem não sei de onde e me deixa ainda mais calada do que eu sou. Ufa, ainda bem que esses momentos vêm mas sempre vão embora, porque eu sempre dou um jeito.
O fato é: não resisti. Saí do trabalho às 22:30 e fui parar no teatro. O show já tinha acabado, mas deu tempo de invadir o teatro e dar um abraço nos meus prediletos do grupo: Gabi, Anitelli e Charlão. Aquele clima de descontração e alegria da galera toda fantasiada e pintada cercando o grupo me encheu o coração e eu ganhei o meu dia, aos 46 do segundo tempo.
Mas não amanheci brilhando mais forte... hoje mal pus o nariz pra fora de casa, passei o dia inteiro de pijama trancada no quarto, lendo. Garganta querendo doer, resultado do tanto que berrei ontem com os meus alunos da quinta série e dos cigarros a mais que andei fumando. Corpo dolorido querendo cama e colo.
Ainda são 21:07. Será que algo bom vai me acontecer e salvar novamente o meu dia antes da meia noite? Desta vez só se for com um gol de ouro no último minuto do segundo tempo da prorrogação. Tudo pra ver se encho a minha bola outra vez.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

"O medo é a medida da indecisão" (Lenine)
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"Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa" (Adriana Falcão)
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Ouvi uma vez uma frase que dizia que o sim e o não são iguais porque definem, o que mata é a dúvida. Começo a perceber que não existe coisa pior do que indecisão. Indecisão é um cego parado numa encruzilhada.
Acho que um pouco dessas dúvidas vem pelo medo de se arriscar e depois quebrar a cara.
Olha o meu caso com o magistério. Quando prestei Letras, tinha a convicção de que o curso me serviria depois para me dar a sustentação financeira de que precisaria para poder cursar a sonhada faculdade de psicologia.
Mas depois de formada, com emprego estável, férias duas vezes por ano, horário de trabalho maleável, parece que fiquei com medo de arriscar em busca do sonho inicial. Isso apesar de saber que o magistério não me traz satisfação.
E a preguiça de encarar de novo vestibular, sala da aula, prova, trabalho, seminário, etc. ?
Sei, sei, tô acomodada com a atual situação. Mas não satisfeita.
É por isso que finalmente decidi que vou prestar de novo o vestibular. Decidi? Sim, decidi. Não dá mais para ficar me sentindo assim, como se as coisas não tivessem mais jeito e com um nó no peito toda vez que penso em dar aula.
Pôxa vida, a gente passa mais da metade do dia enfiada no trabalho, não é justo que se transforme algo que deveria ser um meio de vida em meio de morte. O suicídio nosso de cada dia. Não.
Eu sempre soube o que queria desde o início, então é hora de correr atrás.
É, se fosse só esse o meu motivo para indecisão, estaria no paraíso...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

O professor nunca tem razão


Tô meio sem saber o que escrever ultimamente, mas pra não deixar o blog por muito tempo no vácuo, vou colocar um poeminha bem legal de homenagem aos professores que uma vez recebi em uma dessas muitas reuniões PEIDAgógicas das quais participei ao longo da minha curta carreira no magistério. E acredite, é tudo verdade:

O professor nunca tem razão


Se é jovem, não tem experiência;
Se é velho, está ultrapassado.


Se não tem carro, é um coitado;
Se tem carro, chora de barriga cheia.


Se fala em voz alta, grita;
Se fala em tom normal, ninguém o ouve.


Se nunca falta às aulas, é "pelego";
Se falta, é um "turista".

Se conversa com outros professores, fala mal do Sistema;
Se não conversa, é um desligado.


Se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos;
Se não dá , não prepara os alunos.


Se brinca com a turma, é palhaço;
Se não brinca, é um chato.


Se chama a atenção, é um autoritário;
Se não chama, não sabe se impor.


Se o teste é longo, não dá tempo nenhum;
Se o teste é curto, tira a oportunidade dos alunos bons.


Se escreve muito, não explica;
Se explica muito, o caderno não tem nada.


Se fala corretamente, ninguém entende nada;
Se usa a linguagem do aluno, não tem vocabulário.


Se o aluno reprova, é perseguição;
Se o aluno passa, o professor facilitou.

É verdade, os profs. nunca têm razão...
Mas se você conseguiu ler tudo até aqui, agradeça-lhes a eles...

domingo, 8 de abril de 2007

"Tédio com um T bem grande pra você" (Renato Russo)

Domingo chuvoso e cinzento. Detesto definitivamente dias chuvosos, ainda mais se caírem em um domingo.
Casa cheia de visitas para a minha irmã acamada. Ela tá insuportável de tão manhosa.
Até a minha ex-futura sogra apareceu por aqui. Aproveitei para perguntar como anda o meu ex. Tá namorando uma garota lá do Espírito Santo que com toda certeza conheceu via internet. Todo feriado prolongado ela entra num avião e vem ficar com ele aqui. Não senti nenhum pouco de ciúmes dele, muito pelo contrário, quero muito que ele seja feliz com uma pessoa legal. Senti foi muita inveja dos dois, isso sim.
Meu Deus do céu, tenho que dar um jeito nessa minha carência... tentei compensar o tédio comendo muito chocolote, mas acho que só consegui mesmo foi engordar uns dois quilos.
Amanhã sempre é outro dia.

sábado, 7 de abril de 2007

Feriado prolongado, prolongadíssimo...
Quinta-feira fui parar no hospital com a minha irmã. Não , não, nada grave, apenas uma cirurgia simples que já estava marcada e que ela tinha que fazer. Passei a noite lá com ela, como acompanhante. Foi a primeira vez na vida que passei a noite num hospital. O que senti? Nada. Cumpri com a minha missão e graças a Deus minha irmã recebeu alta e agora está se recuperando. Hoje tive que ficar tomando conta dela de novo enquanto minha mãe ia a um casamento. Nada de saídas nesse feriadão.
Mas também não faz diferença já que não sinto vontade de sair mesmo. Me sinto estranha hoje, pensando em como me sinto presa, em como as coisas estão mudando em mim e no medo que de vez em quando sinto quando penso nessas mudanças.
Me sinto presa, repito, até pra escrever. Agora mesmo, olho pra essa tela com uma vontade imensa de escrever milhares de coisas que estão aqui dentro de mim, mas alguma coisa me prende, me trava.
Caminho para os trinta e um anos com a impressão de que não consegui alcançar a minha independência, apesar de ter um emprego que me paga até bem e um carro legal; apesar de não depender de ninguém para bancar as minhas contas e apesar de poder sair sem precisar ficar dando muitas satisfações. Mais uma vez, me sinto presa.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Paciência
Lenine
Composição: Lenine e Dudu Falcão



Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara


Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência


O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência


Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saberA vida é tão rara (Tão rara)


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára(a vida não para não)


Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saberA vida é tão rara (tão rara)


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não...a vida nãopara)

terça-feira, 3 de abril de 2007




Muita coisa dentro de mim que não posso expressar...
Dentro do meu carro indo para o trabalho, um mundo de coisas vem à minha cabeça enquanto desvio de um buraco e caio em outro no caminho.
Fiquei pensando hoje: é impressionante como parece que penso menos nas coisas que faço e vivo mais a cada dia... O futuro parou de ter tanta importância.
Se isso é bom ou ruim eu não sei... Gostaria de continuar pensando cada vez menos em certas coisas da minha vida.
Planos? Que planos! Há uns sete anos atrás eu sabia exatamente o que eu queria da vida: fazer faculdade, me formar em nível superior. Consegui, depois de muito sacrifício...
Agora, o que eu quero? Não sei. Talvez juntar uma grana pra comprar um apartamento. Ter o meu próprio espaço, não depender tanto da atenção da minha família. Talvez seja esse o meu único sonho no momento. Não, há outro sim, mas esse eu não posso dizer ainda...
Acima de tudo, quero viver, continuar vivendo sem pensar muito nas coisas que faço.
O meu futuro vai sendo feito enquanto caminho hoje.

domingo, 1 de abril de 2007

RELEMBRANDO HORÁCIO


Sê prudente, começa a apurar teu vinho, e nesse curto espaço
Abrevia as remotas expectativas. Mesmo enquanto falamos, o tempo,
Malvado, nos escapa: aproveita o dia de hoje, e não te fies no amanhã.
Horácio, Odes, Livro 1, ode 11, versos 6-8


O futuro é um relógio adiantado. Pelo menos assim é para mim.

Antecipo tudo na minha cabeça, desde um doce que pretendo comer amanhã até o sofrimento que ainda não veio pra mim.

CARPE DIEM!!! Os vermes que um dia roeram os vermes que um dia roeram os vermes que um dia roeram um certo poeta romano gritaram para mim do fundo do túmulo onde jaz a minha noção de tempo.

Seguir "carpediando" e´o meu grande sonho desde que descobri que não sou quem eu pensava ser...

Até quando viverei em eterno horário de verão?


... ... ...



Acho que no fundo, o futuro é um presente disfarçado de daqui a pouco, um agora que vem a cada segundo.

A distância entre presente e futuro é a mesma que existe entre vida e morte: distância tênue, quase imperceptível. Em um segundo estou assobiando enquanto ando pela calçada e, no seguinte, sou tragada pela mesma calçada em que caminho.

A gente perde tempo demais pensando num tempo que ainda não aconteceu e esquece de olhar ao redor e sentir o agora.

E se formos ainda mais além, perceberemos com mais clareza qual dos dois tempos - presente ou futuro - oferece maiores vantagens: o presente é a vida, já o futuro...


E o passado? É a experiência boa ou ruim. Sou hoje o resultado daquilo que vivi de alegre ou de triste. Algumas coisas em mim mudaram com as experiências; outras, felizmente ou infelizmente, continuam na minha essência e talvez continuem até a minha morte.

Mas a vida mesmo é o que a gente faz agora... ou deveria ser.