quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tempo de rir e tempo de chorar

Às vezes acho que só tenho inspiração e vontade de escrever quando estou de baixo astral. Não, não, não é esse o caso hoje. É que andei dando uma olhada nos posts mais antigos e vi que muitos dos meus escritos são terríveis lamentações e ranger de dentes.
Me vendo hoje, sentada diante do meu computador novo, portátil, é claro, e comprado a muitas nada suaves prestações, vejo que na verdade eu sou (ou estou) uma ilha de paz cercada de guerra por todos os lados: nenhuma dificuldade financeira, nenhuma neura amorosa, pais e irmãs com saúde, trabalho tranquilo (por incrível que pareça), casa legal, carro na garagem etc. Tudo certinho... Em compensação, quase todos os meus conhecidos ou parentes estão passando por algum tipo de problema: depressão, drogas, doenças, dinheiro (nossa, tudo com "D") e por aí vai.
Tô me sentindo até meio deslocada...  mas não posso me sentir culpada por estar feliz. Estou no meu tempo de rir, como diz na bíblia... e pronto.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

"Digam o que disserem, o mal do século é a solidão..." Renato Russo

Ando me sentindo  solitária. Os meus dias aqui na nova casa, por mais que os povoe de tarefas, pesam como chumbo. Dei até para falar sozinha, às vezes me pego andando de um lado para outro da casa sem uma intenção definida, ansiedade pura.

"Por mais que a alma lide, não rompe a sua solidão, e caminha com ela, como formiga num deserto perdido." (Gustave Flaubert)



Preparo aula, estudo pra o curso de EaD, ligo para os meus pais, faço almoço, por telefeone converso com a Sil... Só a vejo pela noite, isso quando vejo, e conversamos uma meia hora. Ela se despede de mim morta de sono porque tem que acordar às cinco e meia da manhã no dia seguinte. E minha solidão se prolonga um pouco mais pela noite já que dei pra ter um pouco de insônia também.

"E ninguém é eu, e ninguém é você. Esta é a solidão." (Clarice Lispector)



Solidão é ficar por tempo demais encarando a si mesmo,como se a alma saísse do corpo e te intimasse dizendo: "E aí qual é a tua comigo?" Uma companheira constante, a solidão, às vezes até querida, mas quase sempre indesejada.

"Jamais encontrei companheiro que me fosse mais companheiro que a solidão." (Henry David Thoreau)

Não sei por quê, mas acho que não sou a única que sofre desse mal...  e isso é um consolo?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Pátria Amada


As pessoas ainda estão curtindo uma espécie de "luto" por conta da desclassificação da seleção brasileira da copa do mundo. Sinceramente, pra mim não foi surpresa nenhuma, essa seleção não inspirava confiança mesmo. Mas o  curioso é a forma exacerbada com que o brasileiro demonstra sua tristeza diante da desclassificação. Enquanto os jogadores argentinos são recebidos em casa como heróis por mais de dez mil compatriotas mesmo depois de tomar uma goleada por 4 a 0 da Alemanha nas quartas de final, os nossos são recebidos com uma saraivada de críticas e exigências de explicação pelo fracasso: Felipe Melo na saída do aeroporto, tomando coragem para passar no meio da urubuzada da imprensa, temendo que lhe sobre um pedala-robinho no meio da multidão; Júlio César chorando feito criança nos braços da mãe dentro do carro; Dunga,  com o rabo entre as pernas, sendo cumprimentado por uma meia dúzia de torcedores solidários lá no Sul.
É, O brasileiro é muito exigente, mesmo: age como se a seleção tivesse a obrigação de ser invencível, de nunca perder, de nunca falhar, de sempre dar show, de sempre ser a fovorita etc. Perdeu? Vai pra forca!
É, quanta pressão, mesmo... Enquanto isso, o  TSE está recebendo registro de candidatura de "fichas sujas" para as próximas eleições, sem verificar se o nome do candidato deveria ser vetado no registro porque não há uma lista com os  nomes dos salafrários para consulta. Corremos o risco de dar novamente de cara com Maluf e companhia nas próximas eleições por causa de uma falha na lei "ficha limpa".
Mas não se preocupe, tudo se resolverá rápido. Afinal, o brasileiro é mesmo muito, mas muito exigente...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Novos rumos


Minha vida anda assim... como dizer? Anda. Mas algumas coisas parecem começar a se encaixar. O meu curso de especialização a distância sobre educação a distância me faz desenhar o projeto de mestrado que tanto procurei, num tema que, considero, vai impulsionar a minha carreira no magistério para algo além da sala de aula tradicional. Não sei ainda onde vou parar e para ser franca, não sei se este é um início que vá ter um fim estabelecido.
Sim, estou empolgada com o curso. Finalmente encontrei um possível caminho para fugir do ostracismo profissional, para entender por que a Educação precisa mudar e principalmente, em que precisa mudar. Claro que não é um caminho fácil. Mas, pelo amor de Deus, existe alguma coisa que seja fácil nesta vida?


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os olhos mentem dia e noite a dor da gente...

Ando precisando de um respiro... Porque muitas coisas estão em mim, uma gaveta bagunçada, onde não se consegue encontrar o que se procura, até porque se desconhece o objeto da busca. O mundo pesa sobre mim,como se quisesse me esmagar. Me sinto perdida, sozinha, triste.
Não, ninguém morreu...ainda.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tentando retornar

Nossa, quanto tempo! Têm sido raras as minhas aparições aqui. Bom, mas para resumir os fatos: estou finalmente fazendo a especialização em EaD, experimentando a sensação de fazer um curso à distância. Tô gostando. Aliás, percebi que tudo o que tem a ver com educação me interessa, por mais que eu nunca quisesse admitir. Isso não quer dizer necessariamente que eu queira dar aulas a vida inteira em escola de periferia, mas já é um sinal de que gosto da área de educação. Essa constatação é surpreendente até pra mim. Mas acho que vou continuar tendo uma relação de amor e ódio com essa área sempre, não interessa o que eu faça.
O que fiz neste período de ausência? Li, ou melhor reli "Grande sertão: veredas" de Guimarães Rosa. Para mim, é de longe o melhor romance da literatura brasileira. Leitura difícil. eu sempre digo que se você conseguir passar das dez primeiras páginas, você não consegue mais parar de ler, vai até o fim. Não só pela história de amor disfarçada de amizade entre Riobaldo e Diadorim, mas pela riqueza de detalhes na descrição do grande sertão e, sobretudo, pela forma como Guimarães recria o vocabulário e a sintaxe da lingua portuguesa. Até Machado de Assis tiraria o chapéu.
O que mais fiz? Trabalhei, como sempre. Esse ano está sendo o mais tranquilo de toda a minha curta carreira de cinco anos no magistério público. Posso dizer que pela primeira vez na vida eu sinto que estou trabalhando de verdade, digo, fazendo o trabalho de professora/educadora, e não tomando conta de moleque malcriado. Tenho duas sextas séries e três turmas de EJA à noite. Por incrível que pareça, tô gostando mais de trabalhar com  a molecada da tarde do que com os adultos. As sextas séries são muito participativas e, embora barulhentas, respondem bem às atividades. Á noite houve uma mistura muito grande entre pessoas maduras e jovens adolescentes. Os conflitos entre as gerações são constantes, misturado às dificuldades na aprendizagem e aos problemas de indisciplina dos mais jovens. Nessa escola, parece que a EJA não tem o devido valor como tem o ensino regular. Mas isso é coisa para se discutir depois.
Eu pretendia escrever pouco, mas para variar não consigo ser concisa quando o assunto é escrever. Sou prolixa por natureza. Volto quando puder.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O preconceito nosso de cada dia



Conversa entre uma professora e o inspetor de alunos na sala dos professores. Eu, só escutando:
- Tava dando aula  no quarto termo, e tem uma menina lá, ela tava nervosa, dizendo que tava estressada, é a T... - comentário da professora.
- Ah, sei quem é! - inspetor responde.
- Então, eu disse: "fica calma, o amor resolve tudo". Aí um aluno, do nada, disse assim: " professora, ela não gosta de homem, ela gosta de mulher!" Na hora, fiquei sem ação. O aluno viu que fiz cara de espanto e emendou: "É verdade, professora".
- Mas é mesmo, ela é. - confirma o inspetor.
- POXA, MAS ELA É TÃO BONITA! - comenta a professora, que, inconscientemente, toma como pressuposto que para ser lésbica, a mulher precisa ser feia.
E o último comentário do inspetor, fazendo cara de nojo:
- ECA! JÁ ACHO NOJENTO HOMEM COM HOMEM, QUANTO MAIS MULHER COM MULHER.

Depois dessa, entendi por que Marcelo Dourado foi o campeão do BBB10 com 60% dos votos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Insônia


Chego da escola num estresse indesejável. O mau-humor está impregnado em mim. Penso: preciso de algo que me faça rir. O riso dissipa o mau-humor. O riso espontâneo, aquele que só uma criança sabe como dar. O riso dissipa o mau-humor. Mas acho que não estava só mal-humorada. Me senti como me sentia o ano passado: como se todos o problemas das pessoas estivessem nas minhas mãos e elas quisessem que eu, somente eu, os resolvesse. A mesma impotência, a mesma sensação de insegurança seguida de raiva, angústia atroz.

A Sil, pegada numa dor de garganta, estava ensimesmada, assistindo a mais um viciante capítulo do BBB em noite de paredão. Eu quieta, porque se disser algo não será com delicadeza, e ela não tem culpa se o peso que carrego está insustentável nesse momento.

Vou me deitar e só consigo pensar no que não devo pensar. Rolo na cama, desrolo na cama. Resolvo me levantar, ir para a sala e ler um livro. O livro me distrai, mas não me faz rir, como inicialmente desejava, até porque não era para fazer rir mesmo: o livro é um relato de um ex-prisioneiro do holocausto. Mesmo assim, o relato me distrai e, por um momento, faz com que eu agradeça pelo que tenho, pelo que sou, já que o sofrimento testemunhado pelo autor parece cruel demais para estar relacionado a seres humanos.

Finalmente me sinto cansada o suficiente para ir para a cama, deitar e dormir. Pisando em ovos para não acordar a Sil, que tem um sono muito leve, entro no quarto e me deito. Não demora muito e adormeço. Uma parte do sono é alívio, outra parte é delírio, e eu acordo de manhã com a sensação de que não dormi o suficiente.

Outras noites assim virão?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Vagabundagem Intelectual



Não sei se é preguiça ou desinteresse mesmo. Sei que preciso estudar, e já me decidi por fazer a pós latu sensu em Educação à Distância. Mestrado fica pra depois. Depois? Sempre depois... Quando é que eu vou parar de empurrar esse mestrado com a barriga? Enfim.

Até para ler um bom livro eu ando desinteressada. Até me desconheço. Não sou nem sombra daquela adolescente meio nerd que lia dois, três livros por semana e vivia dentro da biblioteca municipal cavucando preciosidades. O mundo real podia acabar que eu estaria segura nos mundos fantasiosos em que penetrava através dos livros.

E escrever? Aff! É só ver há quanto tempo não escrevo nem aqui. Eu que tinha o hábito de encher agendas inteiras todos os dias na adolescência.

Pois é... Cadê essa pessoa?

Bom, essa pessoa, enquanto escreve essas mal traçadas linhas, está a pensar nas tarefas que tem a cumprir neste dia... Ela nem deveria estar aqui "perdendo tempo" a escrever essas bobagens porque ela tem coisas mais importantes para fazer, como preparar atividades para seus alunos e pensar em estratégias para fazê-los aprender alguma coisa. Parece que ela só se preocupa com isso agora. Ela acorda e dorme pensando nisso.

Diz a sabedoria popular que "em casa de pedreiro, o espeto é de pau". Eu cuido do intelecto dos outros, mas o meu anda largado. O jeito é ver se consigo resgatar um pouco daqueles tempos em que a atividade de ler e escrever não era só uma mera obrigação profissional como é hoje, mas um prazer quase orgásmico. Vez em quando, consigo recuperar uma faísca disso quando dou uma passada aqui ou quando visito blogs de pessoas com mais talento do que eu para as letras.
Sobra muita falta daqueles tempos...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Férias...

Tô de volta... Havia dito que voltaria a escrever com mais frequência, mas a verdade é que acho que perdi um pouco do interesse por escrever. Parece incrível, mas apesar de estar vivendo boas mudanças, a impressão que eu tenho é de que não estou conseguindo curtir tudo como deveria. Existe um lado baixo-astral que me acompanha onde quer que eu vá e do qual não consigo me livrar.
Mas não é sobre isso que quero falar.
Hoje é meu último dia de férias e confesso que pela primeira vez não estou sentindo aquela angústia da volta, embora a ansiedade exista. Sinal de que encaro a volta com naturalidade e não com aquele inferno astral que costuma acompanhar quem retorna ao trabalho depois de um bom período de descanso.
Viajei para Ilha Grande. Sim, Ilha Grande. Depois do acidente, ainda fiquei na dúvida se deveria viajar, mas como já tínhamos pago metade das diárias, resolvemos ir. Uma semana de paz e tranquilidade. Claro, o clima estava um pouco pesado, o número de turistas era bem menor do que o costumeiro, mas o fato é que o lugar é mesmo paradisíaco, vale a pena visitar. À noite, quando chovia, dava um certo medo, já que praticamente todas as pousadas da ilha ficam em beira de encostas, e a nossa não era diferente. A enseada de Araçatiba, onde nos hospedamos, fica a mais ou menos uma hora de barco da enseada do Bananal, onde ocorreu o desastre. Chegamos bem perto do local em um dos passeios de barco que fizemos. Claro, a Silvia tirou várias fotos. Visto de perto, a coisa é assustadora, e a impressão que se tem é de que ocorreu não um deslizamento normal, mas uma avalanche mesmo. É possível ver no lugar onde antes havia vegetação uma imensa rocha lisa.
Não me ligo nesse negócio que de vez em quando a gente vê na internet do tipo notas de dólar que quando dobradas formam imagens macabras, ou imagens que mostram poeira em forma de caveira nas torres gêmeas derrubadas em 2001. Mas confesso que fiquei arrepiada quando vi depois as fotos da enseada tiradas pela Sil. No lugar onde antes ficava a casa dos donos da pousada Sankay, em que morreu a filha deles, estava uma pedra gigantesca que posso jurar que, vista de longe na foto, tem formato de crânio humano. Mas acho que é uma impressão boba. Não gosto de levar essas coisas a sério.
Recomendo Ilha Grande, que pra mim é um dos lugares mais lindos do Brasil. Acho bobagem as pessoas se afastarem, afinal acredito que o que ocorreu foi uma grande fatalidade, claro, provocada pelo exagero de chuva que caiu nessas férias molhadas, mas achar que toda Angra dos Reis vai desabar se chover é o mesmo que pensar que todo o Haiti desabou com o terremoto, o que não é verdade.
Se você tem intenção de ir para Angra nas férias, vá. Os moradores de lá vivem essencialmente do turismo e visitar Angra ou Ilha Grande é uma forma de ajudá-los a se reerguerem das tragédias.