terça-feira, 15 de dezembro de 2009



Retornando, mas ainda aos poucos. Senti falta de poder vir aqui derramar as impressões sobre meus dias.
Aconteceram coisas boas. Estão sendo coisas boas. As mudanças continuam ocorrendo.

Saí da casa dos meus pais no dia 11 de outubro, sem choros melancólicos, sem lamentações, pronta para o que viesse com a mudança. Me surpreendi comigo mesma. Achei que iria sentir muita falta dos dengos de casa, mas acho que já estava pronta para amadurecer.

O apê novo é lindo, confortável, aconchegante. Tô me dando bem com os afazeres domésticos, consigo dar conta de todos, exceto a tarefa inglória de passar roupa. Detesto!! Minha mãe pede para eu levar as roupas para ela lavar e passar, mas eu sei que tenho que me virar sozinha se quero realmente cortar o cordão umbilical, que ela, como toda mãe que se preze, insiste em querer manter.

A convivência com a Sil? A mais tranquila possível, tirando algumas discussões inúteis sobre a louça e os talheres que devem ficar no lugar certo, na opinião dela. Eu procuro não estressar. Eu meio que assumi as tarefas domésticas porque percebi, desde a época do outro apê onde ela morava, que a moça não tinha e não tem o menor talento para cuidar da limpeza de uma casa. Mas isso é só mero detalhe que dá pra tirar de letra.

Foi com ela que escolhi viver; é com ela que quero ficar.

Os efeitos colaterais da mudança; estou fumando mais. Quando morava com os pais, não fumava em casa, o que diminuía a quantidade de cigarros por dia. Agora... Bom, pelo menos, não fumo dentro de casa, o apê tem uma sacadinha salvadora. Detestaria morar numa casa em que o cheiro de cigarro é constante. Outro efeito colateral: tô engordando um pouco e o jeito vai ser procurar logo uma academia e parar um pouco a boca antes que seja tarde. Eu e a Sil precisamos.


Agora vem a segunda parte da mudança. Me removi para uma escola que fica a dez minutos da minha nova casa. Segundo dizem, uma boa escola. O melhor de tudo: conseguirei aulas nessa escola mesmo, não precisarei ir para a coordenadoria em fevereiro. Ou seja, terminarei esse ano sabendo onde e com que salas irei trabalhar o ano que vem. Fato inédito na minha conturbada carreira profissional.


Como eu disse, as mudanças ainda estão ocorrendo. Ainda falta eu decidir sobre o mestrado ou sobre a especialização. Essa parte ainda é confusa para mim.

A partir de agora aparecerei com mais frequência por aqui.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


DANDO UM TEMPO... LOGO DAREI NOTÍCIAS.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Finalmente, a mudança


É hora de mudar. E já não é sem tempo porque a novela durou sete meses desde que resolvemos fechar negócio em março.

Mas ainda parece que não caiu a ficha. A mudança será nesse fim de semana. Parece besteira, mas a casa dos meus pais foi onde vivi praticamente todos os meus trinta e três anos de vida e ainda não tenho a real dimensão de como vou me sentir ao pegar minhas tralhas e sair daqui no domingo. Até procuro não pensar a respeito, e não pensei até agora.

Ter o meu próprio espaço era e continua sendo a minha meta. Sair da barra da saia da mãe e buscar crescimento pessoal com novas formas de viver e de encarar o mundo ao lado de alguém que também quer o mesmo que eu. Sim, vou ter muito o que comemorar e ( e que organizar) nos próximos dias.

Mas continuo sem querer pensar na minha saída da casa dos meus pais, indefinidamente.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009


Clique no link abaixo e dê uma olhada no vídeo da campanha do Mec pela valorização o professor:



http://portal.mec.gov.br/centraldemidia/play.php?vid=459



A intenção é boa, mas como professora, na atual realidade, eu responderia às perguntas do vídeo mais ou menos assim:



Onde você trabalha, as pessoas sempre te dão as opiniões mais honestas?

Sim, e quase sempre as mais mal educadas também, do tipo, "detesto essa professora, quando é que ela vai faltar?" Ou " Você é uma chata!" "Não sei pra quê essa matéria vai servir na minha vida" " Cala a boca, você é uma filha da puta."



...Fazem perguntas que ninguém pensaria em fazer?

Sim: "professora, você já deu o cu?"



Você consegue debater com gente que realmente quer formar a própria opinião?

Sim, consigo debater a cabeça na parede e, às vezes, consigo "deapanhar" também, com direito a ameaça de morte. "Querer formar a própria opinião?" Eles já tem a própria opinião formada, e ai de você se discordar deles; se eles mesmos não te ameaçarem, os pais ameaçam, ou o governo ameaça, porque o aluno sempre tem razão, a lei está do lado dele.



E pra finalizar, o apelo: Trabalhe com as pessoas mais interessantes (?) do mundo: seja um professor.

Aliás, que campanha é essa do MEC? Será que não a lançaram porque o quadro do magistério no Brasil já está começando a ficar defasado? Afinal, cada vez menos pessoas se interessam em seguir a profissão porque já perceberam em que condições o professor tem que trabalhar para receber o salário que recebe.

sábado, 22 de agosto de 2009

De volta...


Uma loooooonga pausa.... e dentro dela alguns fatos ocorridos:

Recesso que (graças a Deus) se extendeu, desta vez com sol e calor para matar alguns desses virinhos chatos da gripe do porco, e um bom descanso merecido depois do estresse do primeiro semestre;

Bons momentos para conversar com a Bete amigona, que está me ajudando com sua criatividade e bom humor a renovar minha forma de trabalhar;

E parece que pode dar certo. As aulas diferentes podem surtir, a médio prazo, pelo menos a possibilidade de não bater de frente a toda hora com alunos inconvenientes e, além disso, pode fazer com que boa parte do esforço do aprendizado recaia sobre os alunos e não mais somente sobre mim. Quanto menos eu falar e quanto mais os alunos trabalharem, melhor. Mas colega, planejar aulas mais dinâmicas é muito mais difícil e trabalhoso. Não é à toa que eu tô me sentindo agora como se um trator tivesse passado por cima de mim.

Assinatura do contrato, finalmente, apesar de que eu só vou ter a certeza de que o apê é nosso mesmo depois que eu puser os pés para morar lá. Estivemos lá a semana passada para tirar algumas medidas e, é estranho, aquilo ali vai ser meu, mesmo? Talvez a mudança ocorra, caso não dê mais nenhum rolo, no final de setembro. Tomara.

A tentativa de parar de fumar fracassou, mas pelo menos diminuí, até porque a chata da lei anti-fumo acaba ajudando pra isso. É fato, detesto admitir isso, mas eu gosto da sensação de moleza que eu tenho quando dou as minhas tragadas.

Arrumando as gavetas, e jogando fora as roupas velhas e inúteis que só estavam ali ocupando espaço para quem sabe, substitui-las por novas, caso eu dê a sorte de sobrar dinheiro. Aliás, isso de se desfazer das coisas velhas e substituir por coisas novas bem que serviria como metáfora para a situação da minha vida agora. Eu diria que nesse momento as duas palavras-chave da minha vida são MUDANÇA e RENOVAÇÃO.

Que assim seja.

terça-feira, 28 de julho de 2009


Um mês de julho cinzento, frio, no meio de um recesso igualmente frio e cinzento. Frio e cinzento é o meu atual estado de espírito. Me perguntam por quê. Não sei dar uma resposta definitiva, não sei mesmo. Gostaria de ser direta e pontual, dizendo: "Me sinto fria e cinzenta por causa de tal motivo." E ponto. Mas não sei o que se passa.


Só sei que há um buraco imenso dentro de mim. Uma angústia que massacra meu coração, me tira a vontade de lutar, de seguir em frente. E o pior, não entendo o motivo. E será que há motivo?

segunda-feira, 20 de julho de 2009



"Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você". (Kim Hubbard)

Na vida, a gente passa por milhares de relacionamentos amorosos. Por mais sólidos que sejam, eles um dia podem acabar. Com o fim, o que sobra pode ser o distanciamento , mas também pode ser uma amizade legal.

Relacionamentos amorosos acabam, grandes amizades duram a vida inteira, independente dos altos e baixos por que passamos, independente dos caminhos que cada um escolhe caminhar. Então, o que vale mais?
Desejo a todos os meus poucos amigos, próximos ou distantes, um excelente Dia do Amigo!!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A "liberdade" de escolha


Tentando parar de fumar. Neste momento, estou há três dias sem dar baforadas (seriam seis dias se não tivesse tido uma recaída na segunda-feira).

Como me sinto? Como uma criança numa festa de aniversário doida para enfiar a mão no bolo e dar uma lambidinha, mas que fica quietinha só olhando porque sabe que se fizer isso vai deformar o bolo. Ela pode até fazer, porque não tem ninguém olhando, mas sabe que não deve.

Aquela história do livre arbítrio: você pode fazer tudo o que quiser da sua vida, mas deve estar preparado para as consequências futuras.

A boa notícia é que tais consequências podem ser felizes, afinal. Otimismo, por que não?

sábado, 27 de junho de 2009

Medo e coragem


"Nenhuma paixão pode, como o medo, tão efectivamente roubar o espírito da capacidade de agir e pensar. " (Edmund Burke)

Ter sido agredida fisicamente e verbalmente não foi o que mais me doeu. Me doeu a humilhação. Me doeram os cinco anos de USP jogados no lixo. Me dói o fato de ter que me preteger das pessoas que eu deveria proteger. Me dói o fato de sentir essa dor no coração e esse frio na espinha cada vez que penso em sair para o meu trabalho, depois do ocorrido.
Mas, acima de tudo, me dói o medo que sinto de ser mais uma vez vítima da vingança de quem se sentiu injustiçado pelo "convite a retirar-se da escola".
Sim, talvez ele seja tão vítima quanto eu. Não sei o tipo de vida que ele leva fora da escola, não sei se ele não encontrou em mim a forma de descarrregar toda a sua revolta contra pais omissos, escola omissa, sociedade omissa, contra a falta de perspectiva para o futuro...
E o medo da morte, heim... Só assim para descobrir que é bem melhor viver a vida pensando que somos eternos do que viver com medo de encontrar a morte ao virar a esquina... ou ao sair do trabalho. Abaixo a paranoia!! É hora de encarar o medo de frente.
Segunda-feira é dia de voltar com a cabeça erguida.

O corajoso não é aquele que não tem medo e sim, aquele que enfrenta o medo.

sexta-feira, 29 de maio de 2009


Amor - O Interminável Aprendizado

(Affonso Romano de Sant'Anna)

Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem. Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado.Se enganava.Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado.Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara.De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.
Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram.Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor.O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.Absurdo. Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.Não era só a estória e as estórias do seu amor.
Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.Optou por aceitar a sua ignorância.Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.
Ilustração de Mário Mastrotti, feita especialmente para esse conto.

quinta-feira, 28 de maio de 2009


Mito e realidade


O trecho abaixo foi retirado de um livro de auto-ajuda que ensina mulheres a usarem a inteligência e não apenas se guiarem cegamente pelos sentimentos. Segundo os autores, usando a inteligência, ela poderá atrair relacionamentos mais duradouros.

Desculpe ter recorrido a um livro de auto-ajuda, mas achei que esse trecho tem tudo a ver comigo nesse momento. Sil, desculpe a falta de romantismo, mais uma vez.


Mito: Foi "amor" à primeira vista.
Realidade: Você estava carente. Todos temos dentro de nós espaços vazios que esperam ser preenchidos. Porém, nem todo recheio é bom para o seu coração.


Mito: Foi "amor" à primeira vista.
Realidade: Foi um impulso irresistível. Mesmo quando ele (ela) começou a revelar seu verdadeiro "eu", você fez questão de não ver, porque queria conservá-lo(a).


Mito: Foi "amor" à primeira vista.
Realidade: Foi conveniente. Você chegou àquele ponto da vida em que desejava muito encontrar um companheiro (a) e era ele(a) quem estava disponível.


Mito: Foi "amor" à primeira vista.
Realidade: Foi apropriado. Ele (a) tinha todas as credenciais (mas só isso). Seus pais estavam entusiamadíssimos (mas só se tratava da vida deles). Você precisa de um relacionamento, e não de um currículo.


Mito: Foi "amor" à primeira vista.
Realidade: Foi lagosta e champanhe. Ele(a) gastou uma fortuna no restaurante e você ficou deslumbrada. Teria sido mais fácil rachar a conta.


A MULHER INTELIGENTE SEMPRE MANTÉM PELO MENOS UM PÉ FIRMEMENTE APOIADO NO CHÃO.


Obs.: as palavrinhas em itálico, entre parênteses, fui eu que escrevi.


(Fonte: Steven Carter e Julia Sokol. In: Homens gostam de mulheres que gostam de si mesmas. Ed. Sextante)

quinta-feira, 7 de maio de 2009


As Aventuras de Frajola sem Piu-piu ou... água mole em pedra dura ou... um sonho de liberdade

(Título à escolha)


Vieram os dois: Pretusko e Frajola.

Pretusko, gato preto, que depois nós descobrimos que na verdade é um gato rajado disfarçado de preto. Frajola foi assim chamado por causa da semelhança com o gato do desenho, obviamente.

Pretusko ficou com a Sil, talvez para tentar preencher o espaço vazio deixado pelo meigo Bóris Gatão, o meu gato da Silvia mais amado.

O Frajola veio comigo. Fazer companhia para a minha mãe foi a desculpa que usei para o meu pai aceitá-lo. Desde o primeiro dia em que o vi já pensei: "esse vai me dar trabalho". A curiosidade típica dos gatos, nele toma proporções de leão.

Veio para a casa dos meus pais. Primeiro foi o portão, ou melhor, os portões da frente. Ele queria passear e explorar a rua de qualquer jeito. Pulou uma vez, fomos buscá-lo na casa de um vizinho da frente. De novo pulou o portão, mas desta vez o problema foi que ele simplesmente parou e sentou no meio da rua. Ficou lá olhando para o nada, como que encantado com a novidade do mundão que ele via infinito a sua frente. Mas o risco de atropelamento era latente. Alguém foi correndo e o resgatou antes que algum carro doido descesse a ladeira e transformasse o lindo filhote em uma doce lembrança. Nisso, o medo tomou conta de todos nós em casa e telas preencheram os portões para impedir que o bichano nos desse mais um susto.

Era evidente que ele não estava pronto.

Depois, veio o muro baixo que dá para o telhado do vizinho da esquerda. Subiu a primeira vez, passeou, cheirou o telhado, sentou e contemplou a visão de lá de cima. Mais uma vez o mundo se mostrava infinito e pronto para ser explorado. E nós, preocupados, pensávamos: "se ele for, ele volta". Beleza. Curiosíssimo para o nosso desespero, ele não resistiu e pulou para outro telhado e outro telhado e outro telhado. Ganhou a rua.

Eu não gostava da ideia de ele sair por aí, correndo risco de atropelamentos, de maus tratos daqueles que não entendem a alma felina. "Ele foi, mas ele volta", mais alguém comentou. " Se ele sabe ir, sabe voltar", outro completou. Pois é, o dia inteiro passou e nada dele aparecer. O desespero tomou conta de nós.

Saíram a minha mãe e o meu pai em seu encalço na rua. Alguém disse a minha mãe que ele estava escondido num boteco aqui perto.Meu pai chegou lá já em tempo de o dono do bar lhe dar uma paulada, com o intuito de expulsá-lo do estabelecimento. O bichano passara o dia inteiro escondido lá dentro, assustado, encolhido, com medo da rua e da ameaça das pauladas.

Meu pai o trouxe de volta para casa e telas preencheram o muro que dá para o telhado do vizinho da esquerda.

Ele ainda não estava pronto.

Depois veio o muro do vizinho do lado direito, que dá para a casa desse vizinho e para a laje da casa dos meus pais. Oh bichinho insistente!! A descoberta desse muro quase lhe custou a terceira vida, já que havia perdido as duas primeiras nas aventuras anteriores. O inquieto felino não se contentou em passear pelo muro do vizinho, passou para a varanda e pulou o muro do vizinho do vizinho. O problema é que nessa casa mora um cachorro com fama de trucidar qualquer outro animal desavisado que por infelicidade venha invadir seu território.

Mais uma operação de resgate foi montada porque mais uma vez percebemos que ele sabia ir, mas não sabia voltar. Depois de se assustar com os latidos da fera, ele, não sei como, foi parar no portão da frente da casa desse vizinho, uma parte que o cão anti-social não tem acesso porque fica preso no quintal, graças a Deus, e aí foi fácil puxá-lo para fora e trazê-lo de volta para casa. Nem preciso dizer: uma nova tela, meio improvisada, cobriu uma parte da passagem que dá para a casa do vizinho do lado direito.

Mais uma vez ele não estava pronto.

"Bom, agora se ele tentar escapar, não há o que fazer", dissemos todos. Mas sua inquietação felina não o deixava em paz. Mesmo com nós todos tentando protegê-lo dele mesmo, lá se foi em nova tentativa de ganhar o mundo. Assim , como verdadeiro gato-aranha, começou a escalar a tela do muro que dá para o telhado do vizinho do lado esquerdo, aquele da aventura que quase resultou em "atirei o pau no gato". Escalou e foi parar no telhado: "agora não tem mais o que fazer mesmo", concluímos. Ele saiu. Passeou pelo telhado, descobriu o passarinho da vizinha dentro da gaiola, e ficou um tempo encenando Frajola e Piu-piu. Passou para o telhado do outro vizinho, até sumir da nossa vista. deixamos ele ir. " Já que ele aprendeu a ir, então que aprenda a voltar', foi o meu comentário da vez.

Mais ou menos uma hora depois, ele estava de volta, sem que soubéssemos por onde havia retornado. Miou alto e esfregou-se nas nossas pernas, como a saber que éramos nós os seus verdadeiros amigos, talvez os únicos com os quais poderia contar sempre.

Finalmente ele estava pronto...

porque aprendeu que ser livre não é poder ir para onde quiser e fazer o que quiser; ser livre é ter consciência dos próprios limites; é saber até onde se pode chegar com a segurança de que todo o caminho foi devidamente sinalizado para saber retornar caso se queira ou se precise.

A verdadeira liberdade não é a do ir e vir, e sim a do SABER ir e vir.


PS.: Ele aprendeu ou fui eu que aprendi com ele?

sexta-feira, 1 de maio de 2009


"Disciplina é liberdade"

(Renato Russo)


Como é fácil errar o caminho! Como é fácil sair do eixo e se embrenhar em lugares de onde não se vai saber como voltar!

Como estamos maltratando os nossos jovens e as nossas crianças...

Será mesmo que sua rebeldia é questão de caráter?

Será que a forma como criamos os filhos não influi na maneira como eles passam a encarar o mundo?

Ou, sendo mais explícita, a forma como criamos os filhos não pode fazer com que eles se voltem contra nós ou a nosso favor futuramente?

Será que estamos criando futuros adultos críticos, independentes e capazes de se reerguer das derrotas da vida?

Que espécie de caminho estamos mostrando aos nossos jovens para que eles trilhem?

Ou será que sou ingênua em questionar tudo isso?


" E há tempos são os jovens que adoecem..." (Renato Russo)

segunda-feira, 27 de abril de 2009


Pouco tempo para escrever, muita coisa acontecendo. Acho que quando vierem as férias de julho as coisas vão se definir melhor ( Se é que vou ter férias em julho, tá previsto pra ter aula até o dia 22, com volta às aulas previstas no dia 2 de agosto). Vontade de escrever não me falta, mas as preocupações em preparar aulas para quem não quer aprender, as correrias constantes atrás de um remédio para tratar definitivamente o meu problema com a acne, a correria pra administrar a minha vida dupla (como isso estressa e me deixa cheia de angústia), tudo isso tem me impedido de vir aqui e escrever sobre algumas coisas que gostaria de registrar. Bom, deixa eu ir, que pra variar, me distraí com coisas banais (maravilhosamente banais) e estou atrasada para sair pro meu trabalho.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Mauá - a minha terra natal


Não nasci em Mauá, mas nessa cidade passei toda a minha infância e adolescência. Aqui vivi momentos maravilhosos, estudei até me formar na educação básica em escolas que na minha época eram referência, num tempo em que ainda existiam escolas públicas de referência. Aqui fiz os primeiros amigos para a vida inteira, aqui vivi as primeiras paixonites de adolescência. Durante muito tempo, o meu universo se resumia ao que eu vivia aqui, até meus horizontes se ampliarem após a aprovação no vestibular e eu ir morar por um tempo em São Paulo até terminar a facul. Me considero, sim, uma mauaense.
Mas é fato: o mauaense tem auto-estima baixa. A vida inteira aguentando piadinhas de quem mora lá na divisa de Mauá com o Parque Pedroso, mas que mesmo assim enche a boca para dizer que mora em santo André, estes que falam que Mauá é terra de índio; ou brincadeirinhas de moradores da cidade de São-Bernardo-Sem-Graça-do-Campo do tipo, "ah, você mora em Mauá? Mas que mau há nisso?"
Tá certo que Mauá é uma cidade que tem o maior número de buracos nas ruas do que a lua tem em crateras; que o sistema de transporte é o pior do grande ABC, que o único hospital público da cidade funciona como um açougue e pior, daqueles que a vigilância sanitária interditaria sem pensar duas vezes. Sim, o Mauaense tem razões para ter auto-estima baixa, mas ao contrário de chorar e se lamentar sobre o fato, o mauaense faz piada, como todo bom brasileiro, como fez um artigo falando sobre a cidade no site que satiriza o Wikipédia, o "desciclopédia". O link é esse: http://desciclo.pedia.ws/wiki/Mau%C3%A1_%28cidade%29
. Mauaenses ou não mauaenses, cliquem e divirtam-se.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Esqueceram de mim


Meu pai precisou fazer um exame de colonoscopia a pedido do médico. Marcou o dia, 24 de março, no Hospital Nardini aqui em Mauá, e lá mesmo entregaram um papel com as instruções de preparação para o exame. A rigorosa preparação incluia uma dieta à base de chá e bolacha durante um dia inteiro e a ingestão de dois medicamentos que custaram quarenta reais ao bolso do meu pai.

Para fazer esse exame, meu pai perdeu um dia de trabalho, afinal para um homem que pega pesado feito ele, passar o dia à base de chá e bolacha seria impossível. Além disso, os medicamentos tinham como objetivo limpar o intestino, o que exigiu que o meu pai passasse boa parte do tempo no banheiro.

O exame estava marcado para às cinco horas da tarde e eu fiquei incumbida de ir buscar, após o trabalho, a ele e a minha mãe que o estava acompanhando.Quando cheguei lá, já às seis e meia, vi os dois sentados, meu pai com aparência abatida e nem sinal de que iria ser atendido. Já estranhei daí. Como estava com vontade ir ao banheiro, resolvi entrar em um que tinha ali perto da sala de espera. Minha mãe me acompanhou com o papel higiênico na bolsa porque segundo ela "quando a gente vem aqui, tem que trazer tudo de casa, copo para tomar água, papel higiênico, porque aqui não tem nada". Entramos no banheiro e aquele buduin de banheiro de rodoviária invadiu as narinas, parecia que há séculos o banheiro não era lavado. Tocamos no interruptor para acender a luz e... nada de luz. Tive que mijar no escuro numa privada sem tampa, sem enxergar direito onde estava. Já saí do banheiro alarmada. Claro que mijei em pé. Como é que um hospital, atendendo a tantos pacientes com enfermidades diversas, não tem um banheiro com mínimas condições de uso ?

Minha mãe estava preocupada porque queria ir para casa fazer o jantar e meu pai poder comer uma refeição decente após o exame. Combinamos que eu levaria minha mãe para casa e depois voltaria sozinha para buscá-lo.

Cheguei em casa, ainda lanchei, e quando voltei quase sete e meia da noite, duas horas e meia depois da hora em que o exame havia sido marcado, encontrei meu pai praticamente sozinho na sala de espera.

Injuriada, fui até o guichê de atendimento para perguntar por que o meu pai ainda não havia sido atendido. A atendente explicou que o papel delas era fazer a ficha dos pacientes, colocar em cima da mesa e depois era só esperar que a auxiliar de enfermagem viesse buscar o paciente para o exame. Pois é, você foi buscar o meu pai para fazer o exame? Nem a auxiliar de enfermagem foi.

A atendente subiu para ver o que tinha acontecido e dez minutos depois desceu explicando que a auxiliar pedia desculpas, não sabia o que tinha acontecido, mas que havia ESQUECIDO DE BUSCAR O PACIENTE. Pedia ainda para que meu pai retornasse na segunda-feira. O quê?!!! Gastar ainda mais dinheiro do bolso, perder mais um dia de trabalho, passar o dia inteiro de jejum outra vez para correr o risco de passar por esse descaso, essa falta de respeito, tudo outra vez? Nem pensar, foi a resposta do meu pai. A atendente ainda insinuou que talvez as auxiliares tivessem dormido em serviço. ABSURDO!!

Por aí você pode ter uma idéia de como o sistema de saúde do município de Mauá está péssimo.

ABAIXO O HOSPITAL-AÇOUGUE NARDINI, em que por mais de uma vez ouvi casos em que os pacientes entram sadios e saem doentes, entram doentes e saem dentro de caixão.

Entendo que a situação da saúde pública, assim como o da educação pública, é ruim, que as condições de trabalho sejam péssimas, mas educação, consideração, amor pela profissão e principalmente ao próximo independem de condições externas.

Até quis reclamar, fazer alarde, chamar imprensa, mas meus pais não querem, acham que tudo foi um livramento de Deus, já que se o exame não aconteceu é porque talvez se meu pai tivesse entrado para fazê-lo, poderia acontecer algo pior com ele lá dentro. Veja só você a fama do hospital.

Veja você a herança deixada pela gestão passada que, além de ter ficado no poder por quatro anos sem ter sido eleito pelo voto do povo, ainda não fez nada para melhorar de fato os problemas da cidade e ainda conseguiu piorar o que já era ruim, esse famigerado hospital.

terça-feira, 17 de março de 2009

O sonho acabou


Após um mês trabalhando na escola nova, devo dizer que realmente o sonho do aluno ideal é uma verdadeira utopia mesmo.

As condições de trabalho não são das melhores: falta material pra se trabalhar, faltam funcionários e, acima de tudo, falta segurança. Nunca tive medo de trabalhar em lugar nenhum, apesar de saber que em praticamente todas as escolas existem os ditos "elementos". Nesta, sinto que a barra pode ficar pesada, como já está ficando. Sexta-feira, sei lá eu como, puseram fogo no cabelo de uma das funcionárias. Não chegou a machucá-la, mas já é um acontecimento sério demais pra ocorrer dentro de uma escola.

Claro que os responsáveis pelo indivíduo foram chamados, apareceu o pai que não se fez de rogado e falou horrores do próprio filho e, assim, descobriu-se que o elemento esteve preso por um mês. Um relatório foi feito e encaminhado para o Conselho Tutelar. O que vai acontecer? Não sei, mas nessas ocasiões sempre sinto cheiro de pizza no ar.

Em uma das salas, só consigo dar aulas se mandar três ou quatro alunos tomar um ar lá fora; caso contrário, quem sai sou eu.

A escola, a meu ver, foi mal construída: num lugar em que o barulho externo é muito grande. Os muros, ou melhor, as grades, são muito fáceis de serem escaladas, e a comunidade tem acesso muito fácil à escola a qualquer hora. Isso seria positivo se a comunidade realmente fosse participativa e se somente a porção, digamos assim, "do bem" é que tivesse acesso fácil ao ambiente escolar. Isso não acontece e, infelizmente, estamos potencialmente expostos a situações de violência.

Claro que já percebemos que esses "elementos" estão nos testando ao máximo para ver o quanto podemos recuar por medo de represálias. Querem nos inibir para poderem dominar. Corajosos como somos, mesmo perigosamente expostos, vamos fazer o máximo para nos impor e mostrar a eles que, dentro da escola, todos tem obrigações a cumprir e que liberdade e libertinagem são coisas totalmente diferentes.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O professor e o sonho do aluno ideal



Escola nova, tudo cheirando a novo, pessoas novas, isso desperta a expectativa de que tudo vai ser diferente esse ano. Não importa se a realidade mostra que cerca de 62% dos meus alunos são meninos e que desses, uma parte está com idade defasada em relação à série que vai cursar, o que é um provável sinal de futuras dores de cabeça, não importa. Parece que antes do ano letivo começar, todos os milagres são possíveis.

Parece que em nosso cérebro de eternos sonhadores que todos nós professores somos, o ínício de um novo ano letivo é a possibilidade de fazer diferente o que não deu certo no ano anterior. Criamos em nossa mente, antes do início efetivo das aulas, um aluno virtual, com o qual conseguiremos dialogar em momentos de conflito, com o qual poderemos trocar novos aprendizados, com o qual poderemos criar um ambiente de colaboração mútua também envolvendo sua família, entre outros aspectos.
Tudo é possível antes do início do ano letivo. E não é por falta de vontade nossa, como alguns gostam de dizer por aí, que algumas vezes chegamos ao final do ano sem ter atingido os objetivos estabelecidos no início do ano. O trabalho educativo é uma relação de troca, como eu já disse e, para que haja troca, é preciso que os dois lados estejam abertos ao diálogo.

Por diversos fatores (sociais, econômicos, intelectuais, culturais etc.) , essa troca não acontece da maneira adequada, o que, por sua vez, resulta no distanciamento professor-aluno. Só que não quero buscar culpados. Assim como não atribuo essa falta de sintonia exclusivamente ao professor, também não a atribuo somente ao aluno. Mas discutir isso agora não importa.

Gostaria apenas de voltar daqui a uns quatro meses pra falar sobre o assunto novamente e poder dizer que esse aluno virtual, que nós idealizamos antes do início das aulas, é realmente passível de tornar-se um aluno real, de carne e osso, mente e espírito.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mudanças


Algumas mudanças marcaram essa última semana. Como fiquei sem aulas lá no Cidade de Osaka, acabei indo para a atribuição na Diretoria de Ensino para não declinar de jornada. Consegui uma grade fechada numa escola um pouco mais distante. Mesmo assim, não pensei duas vezes. Fui. Escola nova, ainda não inaugaurada, que ao pisar nela tive aquela mesma sensação de quando a gente compra livro ou caderno novo. Sensação de renovação. Possibilidade de recomeçar. Por isso, apesar de adorar o Osaka, não senti muito a minha saída de lá.

O horário de trabalho na nova escola acabou impossibilitando que eu continuasse no curso de Nutrição. Tive que desistir. Acho que senti mais a minha saída do curso do que de lá do Osaka.

Pensei em duas outras coisas além da incompatibilidade de horário quando decidi sair: a primeira, a questão econômica; a segunda, a possível falta de identificação com o curso. Acho que não dou pra coisa. Creio que senti mais a minha saída de lá devido ao fato de nunca na minha vida ter desistido de nada que eu tivesse começado a fazer.

A questão econômica realmente contou muito porque o meu pensamento esse ano está todo voltado para a compra do meu apartamento junto com a Sil. Não penso em outra coisa. Daí vem a próxima novidade: acabei de quitar o financiamento do meu carro com o dinheiro que eu tinha na poupança. Tá certo que eu ainda devo uma pequena parte para o meu pai, mas o que importava era me livrar da dívida com o banco, o que poderia atrapalhar o financiamento do apê.

Agora eu posso dizer que o ano novo despertou pra mim de verdade! Feliz ano novo de novo!!!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Socorro!!



Qualquer dia eu me atiro de um prédio por causa dela... a TPM.
É claro que não dá pra colocar a culpa das nossas neuras totalmente nela, mas não há dúvida de que o carnaval promovido pelos hormônios dentro do nosso organismo contribui muito para fazer uma neurinha boba virar motivo para choro e ranger de dentes, além de aumentar as ansiedades já existentes antes da dita cuja.
Alguém aí conhece alguma poção mágica, algum elixir milagroso que possa dar um jeito nesse pesadelo nosso de todos os meses?
E a Sil é que me aguenta nesses dias! Desculpa, amor!
Quem quiser dar uma olhada, achei um site dando uma dica legal sobre a origem da TPM, dica que inclusive pode servir bem para o meu caso. Por sinal, é o mesmo site de onde tirei a imagem que ilustra este post.

sábado, 31 de janeiro de 2009

tudo é possível, mesmo!

Um menino de três anos, em Foz do Iguaçu, passou cinco dias com uma bala alojada na cabeça e o fato só foi percebido cinco dias depois, após a criança passar por duas consultas médicas. A bala na cabeça do menino foi detectada por um exame de Raio-X, que a família decidiu pagar por conta própria. Samuel da Silva Júnior passou por cirurgia e passa bem.

De acordo com o médico que examinou o Raio-X, a bala atravessou o cérebro da criança e ficou alojada dentro do crânio. Segundo o médico ainda, inexplicavelmente o ferimento não provocou danos ou seqüelas no cérebro do menino.
(...)
A Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu vai apurar se houve negligência médica e a polícia abriu investigação para saber a procedência do tiro.

/**/
http://jornale.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=17237&Itemid=53
Não acredito que tenha havido negligência médica, afinal, qual é o médico que vai adivinhar que o ferimento em um paciente lúcido, aparentemente bem, é na verdade um tiro na cabeça? Ninguém imagina. Por outro lado, se existe mesmo negligência, essa é a dos nossos governantes, que investem na saúde pública tanto quanto investem na educação, até porque os profissionais da saúde trabalham com os recursos de que dispõem no momento, tanto quanto os profissionais da educação dentro da escola. Vai saber se esses médicos dispunham de sala de raio X...
Fico pensando também no caso daquela modelo que acabou falecendo por conta de uma infecção urinária. Ela começou a sentir dores no dia 30 de dezembro passado e em menos de um mês estava enterrada. Olha que ela tinha recursos. Mas pense num cara que não tem nenhum recurso financeiro e depende exclusivamente do atendimento do SUS. Pra marcar uma consulta já é um sacrifício e quando ele consegue, é pra ser atendido daqui a no mínimo dois meses. Se a doença do indivíduo for grave, ele pode morrer durante esse loooongo intervalo.
A situação é precária mesmo.
Mas... meu amigo, tudo é possível. Milagres existem de verdade, e o caso desse garoto vem pra provar isso de vez. Imaginar que essa bala atravessou o cérebro do moleque e ele continuou em pé e lúcido chega a ser uma idéia surreal. Deus deve ter para ele uma grande missão na Terra.
Falando em milagre, o que foi o pouso daquele avião dentro de um rio nos EUA, com todo mundo saindo ileso? Sem comentários.
Esses casos servem para aqueles que estão com a fé meio abatida (como eu)começarem a refletir que na vida pra tudo se dá um jeito, tudo mesmo. No meio de tantas grandes desgraças que andam acontecendo, como é bom ligar a TV e contemplar esses pequenos grandes milagres da vida.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um pouco de mim em 2009


Sei que não ando escrevendo muito, um pouco por preguiça, um pouco por não ter muito a dizer, ou ter tanto a dizer que não sei nem por onde começar, talvez...
Mas se você quer saber como eu estou e o que estou fazendo ultimamente, então vamos lá: tô com a impressão de que o ano ainda não começou pra mim, não fiz a minha lista de planos para 2009, nem verifiquei se os planos que eu tinha feito para 2008 foram postos em prática, talvez ainda faça isso, talvez...; tô dando continuidade ao curso técnico de Nutrição, mas sem a certeza de que irei conclui-lo; mexendo os pausinhos para finalmente comprar o meu apartamento junto com ela, mas ainda morrendo de medo e ansiedade. Aliás, acho que esse é o meu maior plano para 2009, se é que existe algum outro plano para comparar.
Meus pais tinham viajado, mas voltaram, e por mais que eu os ame, a presença deles aqui só me faz perceber que eu preciso procurar o meu espaço, caminhar pelas minhas próprias pernas, de acordo com as minhas próprias convicções. Aceito a forma zelosa com que eles cuidam de mim, mas curiosamente me sinto tremendamente ofendida por conta do excesso de zelo deles comigo. E me sinto culpada. E tenho raiva de mim por me sentir assim.
Mas, mudando de assunto, comecei o ano sem saber qual será o meu destino na escola, apesar de ter conseguido ficar na mesma escola, sem saber qual será a minha jornada de trabalho e nem qual será o meu salário. Comecei o ano procurando outro emprego, talvez uma escola particular. Uma outra forma de garantir dinheiro.
Enfim, talvez até pra não dar vazão ao meu atual humor é que eu tenha rareado as minhas aparições por aqui. Não tenho condições de exteriorizar muita coisa, porque meu coração anda muito cheio de medo e de angústia, apesar de as coisas exteriores irem bem.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

E o Ano Novo ainda cochila dentro de mim...


Receita de ano novo

(Carlos Drummond de Andrade)


Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior) novo, espontâneo,
que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come,
se passeia, se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperançaa partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.



Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.