Vira e mexe eu encontro textos e poemas que usam os pronomes pessoais do caso reto, além de brincadeiras poéticas com a conjugação de verbos em sua construção. Existem textos supercriativos que merecem mesmo serem lidos e reverenciados aqui.
O primeiro que eu quero colocar aqui é do Luis Fernando Veríssimo: "Tu e eu", escrito no estilo cômico que é marca registrada desse maravilhoso escritor.
Tu e eu
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça e a sabedoria
de só saber crescer até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa- que não sei qual é!
És de outra pipa e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albinônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.
És suculenta e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.
És colorida,um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.
(L. F. Veríssimo - "Comédias da vida privada")
Outro poema que segue a mesma linha, mas que apresenta um tom de protesto, é "conjugação", de Afonso Romano de Sant'ana:
O primeiro que eu quero colocar aqui é do Luis Fernando Veríssimo: "Tu e eu", escrito no estilo cômico que é marca registrada desse maravilhoso escritor.
Tu e eu
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça e a sabedoria
de só saber crescer até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa- que não sei qual é!
És de outra pipa e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albinônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.
És suculenta e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.
És colorida,um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.
(L. F. Veríssimo - "Comédias da vida privada")
Outro poema que segue a mesma linha, mas que apresenta um tom de protesto, é "conjugação", de Afonso Romano de Sant'ana:
Conjugação
Eu falo tu ouves ele cala.
Eu procuro tu indagas ele esconde.
Eu planto tu adubas ele colhe.
Eu ajunto tu conservas ele rouba.
Eu defendo tu combates ele entrega.
Eu canto tu calas ele vaia.
Eu escrevo tu me lês ele apaga.
(Afonso Romano de Sant'ana - Coleção "Poesia Falada")
e, por último, a letra de uma canção de Gilberto Gil, " O som da pessoa" , genial, e que traz uma mensagem positiva em meio ao uso da aliteração:
O som da pessoa
(Gilberto Gil e Bené Fonteles)
A primeira pessoa soa
como eu sou.
A segunda pessoa soa
como tu és.
A terceira pessoa soa
como ele e ela também.
Qualquer pessoa soa .
Toda pessoa boa soa bem .
Até eu resolvi entrar na onda dos poemas com pronomes do caso reto e criei um, simples e curto, e que nem pode ser comparado ao desses grandes mestres homenageados acima. Mas considere, meu poeminha tem lá a sua forcinha poética:
Eu falo tu ouves ele cala.
Eu procuro tu indagas ele esconde.
Eu planto tu adubas ele colhe.
Eu ajunto tu conservas ele rouba.
Eu defendo tu combates ele entrega.
Eu canto tu calas ele vaia.
Eu escrevo tu me lês ele apaga.
(Afonso Romano de Sant'ana - Coleção "Poesia Falada")
e, por último, a letra de uma canção de Gilberto Gil, " O som da pessoa" , genial, e que traz uma mensagem positiva em meio ao uso da aliteração:
O som da pessoa
(Gilberto Gil e Bené Fonteles)
A primeira pessoa soa
como eu sou.
A segunda pessoa soa
como tu és.
A terceira pessoa soa
como ele e ela também.
Qualquer pessoa soa .
Toda pessoa boa soa bem .
Até eu resolvi entrar na onda dos poemas com pronomes do caso reto e criei um, simples e curto, e que nem pode ser comparado ao desses grandes mestres homenageados acima. Mas considere, meu poeminha tem lá a sua forcinha poética:
Eu e você,
Você e eu.
Casca dura de quebrar,
laços que não desatam facilmente:
Nós.
E viva a poesia!!
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