Eu já havia feito o comentário sobre cigarras e formigas no capítulo de estréia da série "O valor do amanhã", que está sendo exibido pelo fantástico desde o dia 12 de agosto. O segundo capítulo menciona a fábula. O que é melhor: viver o presente arriscando o futuro, ou preservar-se no presente para obter recompensas no futuro? Esse episódio mostra que isso depende da situação que se está vivendo no momento da escolha. Há situações em que é melhor viver simplesmente o presente, por uma questão de sobrevivência; ou viver o presente, por uma questão de oportunidades que vêm e que podem não voltar mais. Ou seja, nem sempre trabalhar hoje para colher os frutos no futuro é a melhor escolha.
Cigarras e formigas
Você é uma formiga que vive pro trabalho ou uma cigarra que vive a cantar? Está preocupado em curtir o presente ou em preparar o futuro? É hora de conhecer o valor do amanhã!
Viver é fazer escolhas. Ninguém escapa. Trabalhar ou cantar? Estudar ou ir à praia? Isso agora ou aquilo depois?
Os apelos do presente e os apelos do futuro moram na nossa mente e estão a todo momento medindo forças.
A natureza parece não ter escrúpulo. Um animal vai fazer tudo o que puder para saciar sua fome, sede ou atração sexual. E quanto antes, melhor. Ele vive o presente. O aqui-e-agora domina os seus sentidos.
O ser humano, ao contrário, adquiriu a arte de se distanciar. Ele guarda na memória as experiências que já viveu e imagina o futuro.
Se quiser algo que não existe, pode inventar. Se tiver medo, pode se precaver. Se tiver esperanças, pode arriscar e apostar. Ponderar, calcular, comparar e eleger um amanhã é para os humanos.
Qualquer que seja a idade, uma coisa é certa: todos nós temos um passado e todos temos um futuro a zelar. O homem é o único animal que é refém do tempo. E é justamente essa percepção do tempo que torna certas escolhas tão difíceis.
A letra da música “A vizinha do lado” diz:
A vizinha quando passaCom seu vestido grenáTodo mundodiz que é boaMas como a vizinha não háEla mexeco'as cadeiras pra cá.Ela mexe co'as cadeiraspra lá.Ele mexe com o juízoDo homem que vaitrabalhar
Se você for atrás da vizinha e se tudo der certo, você poderá viver um bom momento... Mas e se você passar a vida inteira sem se permitir um momento de entrega?
Todas as escolhas envolvem comparações entre valores presentes e futuros e todas têm conseqüências.
“Às vezes você faz uma escolha que você pensa que é boa, mas o adversário está te cercando e fez uma escolha muito melhor do que a sua. Você pensa que está numa boa e, quando você vê, acaba o jogo. Na vida nós nunca podemos saber o que pode acontecer até amanhã ou até hoje mesmo. No jogo de dama, é a mesma coisa”, comenta o aposentado Ivan Guimarães.
Qual é o preço da impaciência? E qual o prêmio da espera? São os juros. Estamos acostumados a pensar em juros só quando compramos em crediário. Mas na verdade o fenômeno dos juros vai muito além disso. De fato, ele está presente todas as vezes que fazemos escolhas no tempo.
Os juros são o prêmio da espera para quem transfere valores do presente para o futuro. É o caso, por exemplo, da poupança. Deixo de gastar hoje para ter uma recompensa amanhã.
Mas quando valores do futuro são antecipados para o presente, os juros são o preço da impaciência. É o custo de quem não quer ou não pode esperar.
Foi o caso dramático de um jovem que, para acelerar a formação de músculos, recorreu ao uso de anabolizantes.
“Eu comecei tomando os mais simples, nacionais, mais baratos. E de repente passei a usar também determinadas drogas, remédios para diabéticos e para hipertensos, para animais. Tive queda de cabelo, alterações de pressão, tinha problemas na coluna, articulares, fiquei estéril aos 17 anos. Mas isso foi revertido naturalmente, graças a Deus”, conta Eduardo Conradt, hoje personal trainer.
Às vezes, devagar é mais veloz.
“Um bom lapidário vai serrar, depois vai colar a pedra em uma caneta e depois vai talhar, polir. Exige muita paciência e dedicação, e gostar do que faz”, explica o gemólogo Jozo Nishinura.
Mas nada é tudo, nem mesmo a paciência. Quando a incerteza é aguda, o aqui-e-agora é senhor da situação. Diante da fome e da dor, por exemplo, não há espera possível. O presente dá as cartas.
“É a fome, a seca... O castigo é muito e a gente acaba não pensando no amanhã, no futuro. Quando eu acordava de manhã e pensava: ‘Hoje, mais um dia, e não tem o que comer’. Saía sem destino dentro do mato, para procurar o que comer. O que achasse a gente comia. A cachorra matava o preá e trazia para casa para dar para os filhotes. Tomávamos o preá da boca da cachorra, para a gente comer. O aqui-e-agora era mais importante. No amanhã a gente nem pensava em viver. Por que viver se não há comida?”, diz o vendedor Paulo de Oliveira.
As escolhas no tempo dependem sempre do contexto em que são feitas e da avaliação que fazemos dos termos da troca envolvidos. Quando a sobrevivência está em jogo, o desafio é viver mais um dia.
“Se eu fiz, foi porque tive que comprar primeiramente a alimentação, a comida, porque não posso morrer de fome. Em segundo lugar, para ajudar minha família. Em terceiro, para me manter, andar arrumado”, justifica um jovem criminoso.
“No mundo do crime, eles correm risco o tempo inteiro. Correm risco não só no momento da ação, do assalto, do crime em si, mas o tempo todo, porque de um lado há os amigos, que são todos bandidos; do outro, a polícia, que também muitas vezes age com grande arbitrariedade. E depois eles já experimentaram o prazer de ter dinheiro. Um garoto desses às vezes em um assalto junta R$ 5 mil, R$ 10 mil. O pai, que trabalha 12, 13 horas por dia, nunca conseguiu juntar isso. Se você não tem essa visão do futuro, sobra o presente, mais nada”, observa o médico Dráuzio Varella.
Valores presentes e futuros estão sempre medindo forças em nossa mente. E as negociações entre eles se renovam a cada dia.
Na aventura que é a existência, apostas têm que ser feitas e proteger-se de todo risco sem jamais apostar é talvez a pior aposta possível. O que importa é saber até que ponto vale a pena antecipar ou retardar valores no tempo. As armadilhas e atalhos são muitos. Como evitá-los?
Você é uma formiga que vive pro trabalho ou uma cigarra que vive a cantar? Está preocupado em curtir o presente ou em preparar o futuro? É hora de conhecer o valor do amanhã!
Viver é fazer escolhas. Ninguém escapa. Trabalhar ou cantar? Estudar ou ir à praia? Isso agora ou aquilo depois?
Os apelos do presente e os apelos do futuro moram na nossa mente e estão a todo momento medindo forças.
A natureza parece não ter escrúpulo. Um animal vai fazer tudo o que puder para saciar sua fome, sede ou atração sexual. E quanto antes, melhor. Ele vive o presente. O aqui-e-agora domina os seus sentidos.
O ser humano, ao contrário, adquiriu a arte de se distanciar. Ele guarda na memória as experiências que já viveu e imagina o futuro.
Se quiser algo que não existe, pode inventar. Se tiver medo, pode se precaver. Se tiver esperanças, pode arriscar e apostar. Ponderar, calcular, comparar e eleger um amanhã é para os humanos.
Qualquer que seja a idade, uma coisa é certa: todos nós temos um passado e todos temos um futuro a zelar. O homem é o único animal que é refém do tempo. E é justamente essa percepção do tempo que torna certas escolhas tão difíceis.
A letra da música “A vizinha do lado” diz:
A vizinha quando passaCom seu vestido grenáTodo mundodiz que é boaMas como a vizinha não háEla mexeco'as cadeiras pra cá.Ela mexe co'as cadeiraspra lá.Ele mexe com o juízoDo homem que vaitrabalhar
Se você for atrás da vizinha e se tudo der certo, você poderá viver um bom momento... Mas e se você passar a vida inteira sem se permitir um momento de entrega?
Todas as escolhas envolvem comparações entre valores presentes e futuros e todas têm conseqüências.
“Às vezes você faz uma escolha que você pensa que é boa, mas o adversário está te cercando e fez uma escolha muito melhor do que a sua. Você pensa que está numa boa e, quando você vê, acaba o jogo. Na vida nós nunca podemos saber o que pode acontecer até amanhã ou até hoje mesmo. No jogo de dama, é a mesma coisa”, comenta o aposentado Ivan Guimarães.
Qual é o preço da impaciência? E qual o prêmio da espera? São os juros. Estamos acostumados a pensar em juros só quando compramos em crediário. Mas na verdade o fenômeno dos juros vai muito além disso. De fato, ele está presente todas as vezes que fazemos escolhas no tempo.
Os juros são o prêmio da espera para quem transfere valores do presente para o futuro. É o caso, por exemplo, da poupança. Deixo de gastar hoje para ter uma recompensa amanhã.
Mas quando valores do futuro são antecipados para o presente, os juros são o preço da impaciência. É o custo de quem não quer ou não pode esperar.
Foi o caso dramático de um jovem que, para acelerar a formação de músculos, recorreu ao uso de anabolizantes.
“Eu comecei tomando os mais simples, nacionais, mais baratos. E de repente passei a usar também determinadas drogas, remédios para diabéticos e para hipertensos, para animais. Tive queda de cabelo, alterações de pressão, tinha problemas na coluna, articulares, fiquei estéril aos 17 anos. Mas isso foi revertido naturalmente, graças a Deus”, conta Eduardo Conradt, hoje personal trainer.
Às vezes, devagar é mais veloz.
“Um bom lapidário vai serrar, depois vai colar a pedra em uma caneta e depois vai talhar, polir. Exige muita paciência e dedicação, e gostar do que faz”, explica o gemólogo Jozo Nishinura.
Mas nada é tudo, nem mesmo a paciência. Quando a incerteza é aguda, o aqui-e-agora é senhor da situação. Diante da fome e da dor, por exemplo, não há espera possível. O presente dá as cartas.
“É a fome, a seca... O castigo é muito e a gente acaba não pensando no amanhã, no futuro. Quando eu acordava de manhã e pensava: ‘Hoje, mais um dia, e não tem o que comer’. Saía sem destino dentro do mato, para procurar o que comer. O que achasse a gente comia. A cachorra matava o preá e trazia para casa para dar para os filhotes. Tomávamos o preá da boca da cachorra, para a gente comer. O aqui-e-agora era mais importante. No amanhã a gente nem pensava em viver. Por que viver se não há comida?”, diz o vendedor Paulo de Oliveira.
As escolhas no tempo dependem sempre do contexto em que são feitas e da avaliação que fazemos dos termos da troca envolvidos. Quando a sobrevivência está em jogo, o desafio é viver mais um dia.
“Se eu fiz, foi porque tive que comprar primeiramente a alimentação, a comida, porque não posso morrer de fome. Em segundo lugar, para ajudar minha família. Em terceiro, para me manter, andar arrumado”, justifica um jovem criminoso.
“No mundo do crime, eles correm risco o tempo inteiro. Correm risco não só no momento da ação, do assalto, do crime em si, mas o tempo todo, porque de um lado há os amigos, que são todos bandidos; do outro, a polícia, que também muitas vezes age com grande arbitrariedade. E depois eles já experimentaram o prazer de ter dinheiro. Um garoto desses às vezes em um assalto junta R$ 5 mil, R$ 10 mil. O pai, que trabalha 12, 13 horas por dia, nunca conseguiu juntar isso. Se você não tem essa visão do futuro, sobra o presente, mais nada”, observa o médico Dráuzio Varella.
Valores presentes e futuros estão sempre medindo forças em nossa mente. E as negociações entre eles se renovam a cada dia.
Na aventura que é a existência, apostas têm que ser feitas e proteger-se de todo risco sem jamais apostar é talvez a pior aposta possível. O que importa é saber até que ponto vale a pena antecipar ou retardar valores no tempo. As armadilhas e atalhos são muitos. Como evitá-los?
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