quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Sem horas e sem dores

A letra da canção transcrita abaixo me incomoda profundamente, talvez porque a dificuldade de dar respostas doa tanto quando a profundidade das perguntas. É preciso olhar pra dentro de si mesmo munido de uma lente de aumento bem potente. Seja como for, se você conseguir responder sinceramente às perguntas terá a prova incontestável de que o ser humano nunca permanece o mesmo durante a sua vida. Não se trata de preferir ser uma metamorfose ambulante, como consideraria Raulzito, porque você só pode dizer que prefere isto a aquilo quando você pode escolher entre isto e aquilo. Nesse caso, não há escolha, e só nos resta admitir que somos seres contraditórios, incoerentes. O que não quer dizer que sejamos falsos. A falsidade é proposital; a contradição, não.
A Lista
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro


Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais?

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar?

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava?
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

" Façamos parte do contexto da crônica, e de todas as capas de edição especial. Sejamos também o anúncio da contra-capa, pois ser a capa e ser contra-capa é a beleza da contradição, é negar a si mesmo e negar a si mesmo é muitas vezes encontrar-se com Deus, com o teu Deus" (Fernando Anitelli)



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