terça-feira, 29 de janeiro de 2008


Cidade tudo de bom!! Viagem curta, mas densa. A começar pela primeira vez dentro de um avião. O coração aos pulos, o frio na barriga, mas tudo valeu pela rapidez e pela vista. Ver o mundo com outros olhos. Difícil descrever a sensação de ver o mundo de cima das nuvens. Lá embaixo, elas formavam um imenso tapete, encobrindo tudo, quem sabe despencando chuva; em cima, o azul límpido do céu e o brilho do sol refletindo na janelinha do avião. Parece metáfora, mas nesse caso acho que linguagem denotativa e linguagem poética se confundem num imenso paradoxo.

A terra do sol, o Ceará... Apesar de ter chovido quase todos os dias durante o tempo em que estive lá, chuva de verão, claro, não como aqui em São Paulo , em que São Pedro abre a torneira e esquece de fechar, além da geladeira que dessa vez ele também fez questão de deixar aberta, pra completar. Ninguém merece esse clima daqui. O povo aqui em casa ficou brincando que fui eu que levei chuva pro Ceará, já que quando eu invento de ir pra algum lugar que tenha praia o tempo sempre dá um jeito de fechar.

Mas como eu disse, o que caiu lá foi chuva de verão, aquela gostosa, que refresca... mas que depois cessa pra dar lugar a um sol maravilhoso. Fortaleza não tem só praia, eu diria até que a "fortaleza" da cidade nem está nas praias, embora a praia do Futuro e de Iracema sejam tudo de bom, mas na alegria e na hospitalidade das pessoas, na beleza dos pontos turísticos, etc. Da próxima vez (sim, porque em breve haverá uma próxima vez, com mais tempo) quero conhecer pelo menos a famosa Canoa Quebrada.

Mas se você viajar a Fortaleza, não deixe de tomar o café da manhã reforçadíssimo nas Tapioqueiras (recomendo a de carne-de-sol com requeijão);de tirar fotos panorâmicas da praia de Iracema na Ponte dos Ingleses (também conhecida como Ponte Metálica), de visitar o Centro Cultural Dragão do Mar (tuuudo) e de tomar o chope de vinho de algum do bares que ficam ali encostado mesmo. Não deixe de visitar a casa onde nasceu o autor da lenda de formação do Ceará, José de Alencar, e visitar a Pinacoteca com as pinturas que retratam cada obra do consagrado autor, principalmente Iracema, claro.

No Dragão do Mar, tire uma foto ao lado da estátua do nosso poeta maior de cordel, Patativa do Assaré. Pra quem curte frutos-do-mar, na ponta da praia de Beira Mar você compra camarão a 10 reais o kilo e manda fritar na hora numa barraca perto dali. Nunca comi tanto camarão na vida, coisa impossível de se ver aqui em São Paulo. Surreal.

Vá à praia do Futuro de manhã e curta as piscinas naturais que a maré baixa forma na areia. Tuuuudo!! Coma o típico baião de dois, fácil de encontrar em qualquer restaurante. Delicioso. Aliás, como se come bem e com abundância no Ceará pagando-se pouco. É um prato cheio, literalmente.

Mas o que fez a minha viagem ser especialíssima mesmo foram as companhias, que não me deixaram pensar no que poderia ter acontecido se eles não estivessem lá. Afinal, não encontrei por lá quem a princípio motivou a minha ida à Fortaleza. Se sofri? Claro que não, a viagem foi perfeita.

Graças aos meus dois anjos da guarda, Daniel e Silvia, voltei de lá com vontade de retornar, e explorar com mais calma as belezas do lugar. A vida é assim, e ponto final.

O que aprendi? Principalmente a valorizar as pessoas que estão ao meu lado, pessoas paupáveis, e que não medem esforços para estar comigo onde eu estiver. Não guardo rancores, as pessoas são como são, com as suas complexidades naturais, tem os seus compromissos inadiáveis, os seus sacrifícios diários que as impedem de fazer as coisas que desejam, existem os imprevistos que mudam planos, enfim, todos estamos sujeitos às intempéries da vida.

Não tenho o direito de condenar ninguém, ainda mais nesse caso, em que é sabido que a minha viagem foi fruto de um impulso maluco da minha parte, e graças a Deus, dentro do período de cinco meses entre a compra das passagens e o momento da viagem houve uma mudança de propósito com as coisas que foram acontecendo e com as pessoas maravilhosas que fui conhecendo no meio da história. Não posso reclamar, portanto, da ausência dessa pessoa porque no fundo no fundo nós duas sabemos que ela não tinha obrigação de estar lá porque fui eu que de início forcei a situação e não ela e, querendo ou não, as coisas foram tomando rumos diversos tanto pra mim quanto pra ela. Como eu disse, a vida é assim.

Não me arrependo de nada, mas não sei se faria de novo,nem por amor, ou melhor, por paixão. Nada que se faça por mera paixão pode ser considerado sadio.

O amor? Esse eu ainda tenho que descobrir o que é, se é que já não estou descobrindo, bem aos poucos. Acho que amor é paz, pelo menos isso eu começo a perceber. Sei que estar ao lado dela foi a melhor de todas as dádivas que eu poderia receber. Fui presenteada com a sua presença do meu lado, segurando a minha mão, me enchendo de paz e tornando o meu dia mais leve, me abraçando e me dizendo que me aceita como eu sou, com as minhas qualidades e defeitos (talvez mais defeitos do que ela mereceria que eu tivesse).

Daniel, obrigada pela sua grande hospitalidade, não só a sua como também a de sua família. Você nos recebeu maravilhosamente bem apesar de não estar com a saúde em dia, e eu não vou esquecer disso jamais. Quando estiver aqui, farei todo o possível pra que o peso de morar nessa cidade maluca que é São Paulo não seja tão grande. Muito obrigada, mesmo.

Como eu disse, foi uma viagem densa, cheia de aprendizados. Sim, foram mais de sete dias que valeram pelas férias inteiras de 40. Daqui pra frente é trabalho porque os planos exigem que se trabalhe muito. Esse ano promete...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Sem horas e sem dores

A letra da canção transcrita abaixo me incomoda profundamente, talvez porque a dificuldade de dar respostas doa tanto quando a profundidade das perguntas. É preciso olhar pra dentro de si mesmo munido de uma lente de aumento bem potente. Seja como for, se você conseguir responder sinceramente às perguntas terá a prova incontestável de que o ser humano nunca permanece o mesmo durante a sua vida. Não se trata de preferir ser uma metamorfose ambulante, como consideraria Raulzito, porque você só pode dizer que prefere isto a aquilo quando você pode escolher entre isto e aquilo. Nesse caso, não há escolha, e só nos resta admitir que somos seres contraditórios, incoerentes. O que não quer dizer que sejamos falsos. A falsidade é proposital; a contradição, não.
A Lista
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro


Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais?

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar?

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava?
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

" Façamos parte do contexto da crônica, e de todas as capas de edição especial. Sejamos também o anúncio da contra-capa, pois ser a capa e ser contra-capa é a beleza da contradição, é negar a si mesmo e negar a si mesmo é muitas vezes encontrar-se com Deus, com o teu Deus" (Fernando Anitelli)



segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Ai, férias...


Quarenta dias de férias no verão. Professor é privilegiado nesse aspecto, não dá pra negar. Passo o ano todo trabalhando e pensando no dia em que chegar esse momento. Ainda tenho que aprender a planejar esses dias preciosos com mais carinho. Fico tempo demais de bunda pra cima, poderia fazer uns roteiros de visita a amigos que quase nunca vejo, passeios culturais, viagens e por aí vai. O problema é que não gosto de andar sozinha e a maioria dos amigos com quem gostaria de fazer esses passeios está trabalhando, fazer o quê, peão é f... (rs)

Bom, mas como fico tempo demais em casa, fico fazendo o quê? Vejamos: A minha mãe fica no meu pé o tempo todo pra eu fazer coisas pra ela. Tá certo, tem que aproveitar mesmo. Aliás, não é só ela, não. Quem pode se aproveita de mim, num tô fazendo nada mesmo. Sirvo de motorista, de faxineira, de office-girl, e assim por diante.

Ler, leio, mas confesso que não ando mais com tanta paciência pra leitura, que coisa... O que está acontecendo com o ser que já foi rato de biblioteca? Tenho que dar um jeito nisso. O segundo tomo de D. Quijote de La Mancha está aí pedindo para lê-lo há três anos. Acho que fiquei um pouco desanimada desde que comecei a ler " A mulher de 30 anos" de Balzac, e no momento em que a história começou a ficar interessante de verdade, descobri que o livro estava com vários erros de impressão, várias páginas apagadas ou em branco. Frustrante. Não deu pra ler o final e constatar a moral da história: lugar de mulher é casada e do lado do marido pro resto da vida, mesmo que ele seja um zero à esquerda e trate a mulher com a mesma considaração com que trata o cavalo dele. Ou: Mulher que trai no final recebe o castigo que merece. Legal, né.

Tinha pensado em deixar um pré-planejamento pras aulas desse ano já prontos, afinal, uma das minhas promessas pra esse ano foi o de me dedicar mais ao trabalho. Mas só foi começar a ler os textos sobre educação, para dormir e sonhar com sala de aula, e sala de aula com a pior espécie de turma que pode haver. Larguei pra lá. Tô de férias, deixa pra pensar nisso quando voltar.

Vejo televisão, mas que falta de imaginação, meu Deus! Mas tô evitando assistir o BBB pra não me contaminar com tanta futilidade. Já é alguma coisa... Assisto novela das oito? Sim, também achei surreal a cena do Juvenal Antena ressuscitando. Aliás, favela que nem aquela, só em novela mesmo.

Ouço muita música, sem isso eu não consigo viver mesmo, seja trabalhando ou de férias. O que ando escutando? Muito chorinho. É música pra alimentar o coração. Maravilha! viva Pixinguinha!

Viagem pra Fortaleza? Essa é com certeza a atração principal dessas minhas longas férias. Pena que dos quarenta dias, só vou aproveitar sete por lá. Mas tá tudo bem, serão sete dias que valerão por quarenta.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Vencer não é nada, se não se teve muito trabalho; fracassar não é nada se se fez o melhor possível.


Ow pasmaceira gostosa! Férias! Um pouco de preguiça, é verdade. Até de escrever no blog, fazer o quê... Com relação ao lance da batida do meu carro, resolvi de maneira até inteligente: acionei o seguro, não precisei desembolsar nada. Não acredito que fiquei tão desesperada por algo que era tão fácil de resolver. Às vezes a gente faz mesmo uma tempestade por nada.

Conversei com a Bete, minha melhor amiga de muitos anos esses dias, e ela me falou algo que tá martelando na minha cabeça até agora: a vida é feita de sacrifícios. Parece uma constatação óbvia, mas a verdade é que faz tempo que eu não sei o que é me sacrificar por alguma coisa. Me lembro de anos passados, que parecem agora tão distantes quanto impossíveis. Me vejo acordando as quatro e meia da manhã para ir trabalhar atrás do balcão de uma padaria, inclusive aos domingos e feriados fazendo essa mesma rotina, e hoje não acredito que um dia tive peito pra fazer isso na vida. Detestava o trabalho na padaria, mas precisava me sacrificar para juntar o dinheiro que precisava para quem sabe fazer uma faculdade. Acreditava que o que estava fazendo me traria benefícios futuros. E trouxe.

Consegui entrar na USP , também acordava quatro e meia da manhã para poder estar na faculdade de manhã e com o dinheiro que obtive do trabalho na podoca consegui me sustentar por um ano e meio sem trabalhar. Eu tava finalmente fazendo algo que tinha lutado pra conseguir e acreditava no que estava fazendo, mais motivada era impossível estar. Cansei de dormir, depois do almoço, em cima dos livros na biblioteca da Letras, e entre uma soneca e outra, fazia os meus resumos, lia os textos que os professores pediam e escrevia os rascunhos das minhas mini-monografias. Não tinha amigos ainda por lá e sofria horrores com a solidão. Mas acreditava no que estava fazendo.

Sacrifícios só valem a pena quando se acredita piamente no que se está buscando e se sabe por quê está buscando.

Neste exato momento, há uma pessoa que está se sacrificando por mim e eu me pergunto a toda hora até que ponto eu seria capaz de fazer o mesmo por ela. Parece que se sacrificar por uma pessoa é mais difícil do que se sacrificar por um ideal. Pessoas são seres movediços, por isso quem se sacrifica deve estar preparado para ser recompensado, mas principalmente deve estar preparado para não receber muita coisa em troca. É complicado, mas mesmo nesse caso é preciso acreditar no que se está fazendo e no por quê se está fazendo. Todo sacrifício precisa ter um sentido. Outra constatação óbvia, mas vale refletir a respeito.

Segundo o dicionário Aurélio, a palavra Sacrifício significa: Ato ou efeito de sacrificar-(se) (Lógico!); privação de coisa apreciada; renúncia em favor de outrem.

Estou preparada para sacrificar o meu sonho de fazer a bendita faculdade de Psicologia para ir em busca de um outro sonho que pra mim se tornou maior, sair de casa. Estou me preparando para encarar mais um ano de sala de aula (e outros mais), enfrentando situações-limite complicadas, quem sabe em mais de uma escola, para conseguir ter o poder financeiro suficiente para atingir o meu propósito. E esse meu propósito agora envolve uma segunda pessoa. Quem disse que eu não vou ter que fazer sacrificios por outrem? É provável que alguns sacrifícios pessoais terão de ser feitos para que eu consiga fazer as coisas do jeito que quero fazer e com quem quero fazer, mas isso não é assunto pra agora.


E, além do mais, vamos deixar os sacrifícios pra depois do Carnaval né. Ainda tenho uma semana pra curtir em Fortaleza antes de voltar à lida. Aí depois a gente pode começar a pensar no lado chato da história. Beijos a todos e todas.

Ps. Frase do título de autoria de Nádia Boulanger, pianista.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008


Mais um ano que se inicia. Esperanças, planos.

Comecei o ano com a preocupação por ter que pagar uma dívida de batida de carro. Vou pagar apesar de ter lá as minhas dúvidas sobre se tive culpa mesmo do que aconteceu. Mas motorista que é motorista sempre olha no retrovisor quando dá uma ré. Pergunta se eu fiz isso?

Também comecei o ano com a notícia do falecimento repentino da mãe de um grande amigo de Fortaleza, o Dan. Ele tá longe mas tudo o que eu queria era poder estar perto para poder abraçá-lo muito, muito. Estarei a partir do dia 19 e farei isso com certeza.

Bom, viver é preciso sim. E este ano promete mesmo ser intenso. E eu pretendo pôr mais lenha nessa intensidade.

Desejo paz, saúde, dinheiro e muito amor de todas as formas a todos em 2008.