domingo, 4 de novembro de 2007

No dia de finados, aqui jaz a tristeza


"Alegria / eu vou te dar alegria / eu vou parar de chorar / eu vou raiar um novo dia / eu vou sair do fundo do mar - eu vou sair da beira do abismo / e dançar e dançar e dançar." (Arnaldo Antunes)


O encontro foi marcado para as três e meia perto da catraca do metrô Consolação. Depois de cinco dias conversando com palavras escritas e trocando algumas faladas por telefone, lá estávamos, olho no olho, um sentindo de perto o jeito do outro.

O chamado "feeling" rolou desde a primeira teclada; parecia que eu já sabia que estava conhecendo alguém especial antes mesmo de conhecer de fato.

Mas agora era momento de ouvir e observar. Timidez de ambas as partes, embora o meu primeiro impulso ao encarar o seu rosto e beijá-lo tenha sido de desviar o beijo de cUmprimento e transformá-lo em beijo de cOmprimento... mas tudo a seu tempo.

Nem sabíamos direito para onde estávamos indo. Paramos num bar ali mesmo, perto da Av. Paulista. Precisávamos conversar, nos conhecer mais, e pra isso qualquer boteco mais apresentável servia de cenário.

Conversa que rolou solta, (quase) desinteressada. Falou-se de profissão, vida amorosa (passada), idéias, sonhos; e fumou-se muito, muito mesmo, não sei se tanto por vício ou se para controlar a ansiedade que foi aumentando conforme o motivo principal do encontro foi ficando cada vez mais inevitável. Afinal, ficou óbvio que aquele encontro ia render, dada a sintonia que nossas idéias apresentavam entre si.

De repente, assunto que acabou. Não que não houvesse mais assunto. É que tem um momento, num encontro em que ocorre vontades mútuas, que as palavras começam a perder a utilidade. É o momento em que os olhos falam mais do que as línguas e estas, como a adivinhar o que virá, preparam-se para comprir, digo, cumprir sua outra função, mais muda e menos nutricional, se é que os leitores me entendem.

Mas a timidez ainda era enorme e nossos sorrisos nervosos pareciam ser a medida da complexidade e da intensidade daquele instante. Minha mão gelada sustentava o queixo. Olhares fixos um no outro... Tensão que aumenta. Seus braços se cruzaram, travados. Me enchi de coragem e agarrei um de seus braços tesos pela timidez, alcancei a sua mão.

Pronto, foi dada a largada... Me convidou para sentar ao seu lado e...bom... ou seria melhor dizer booom?

Basta dizer que foi uma tarde linda e que a sintonia, a tão rara e tão sonhada sintonia existe sim e quando a gente menos espera é que ela aparece, surpreendentemente aparece.


Um comentário:

Anônimo disse...

Palavras perfeitas para descrever uma tarde perfeita... A sintonia e a comunhão de idéias e sentimentos foi a mais perfeita já vivida...
sem mais comentários...