Foi há quinze anos... nossa, quinze anos. Mas enfim, foi quando conheci a Bete, a Mônica, a Arléa. A Edna eu já conhecia antes (17 anos de amizade com a Edna). Cada uma com seu jeito de pensar, se vestir, dizer as coisas. Não tínhamos nada em comum. Pelo menos aparentemente.
A Edna, sempre magrinha, ar ingênuo, voz de criança. Quando mudei de escola, da sétima pra oitava série, foi com ela e com a Cris que travei amizade. Naquela escola cheia de garotas e garotos populares, narizes empinados, nós destoávamos pela simplicidade. Éramos as meninas da periferia numa escola de centro. Mas no começo, a Edna e eu éramos meramente colegas de escola.
Posso dizer que nossa história de amizade começou mesmo a partir do episódio da carta. Eu era apaixonada por um garoto e um dia apareceu uma carta de amor supostamente assinada por ele embaixo da minha carteira. Fiquei morta de felicidade, levei a carta pra casa, respondi, no outro dia lá estava eu com a resposta. Antes que eu pudesse entregá-la ao garoto, chegou a Edna me puxando de canto e cochichando: "Não vou aguentar ver você sendo feita de trouxa. A carta que você recebeu ontem era falsa. Foi aquela turma ali que escreveu" ( e apontou para o outro lado da sala, onde um grupo de meninos e meninas ria sem parar, talvez da minha falta de malícia) "eles resolveram fazer essa brincadeira de mau gosto pra ver você passar vergonha na frente do menino", completou.
Pode parecer bobagem, mas até hoje lembrar desse episódio me dá uma tristeza profunda. Tive muitas decepções na minha vida amorosa, mas quando me lembro dessa, a vontade de chorar é inevitável.
Bom, mas o fato é que desde esse dia até hoje, dezessete anos depois, a Edna e eu mantemos amizade. Estamos um pouco afastadas hoje, é verdade, por conta das circunstâncias da vida. Afinal, cada um vai tomando rumos diferentes, e o afastamento é natural. Mas sempre que temos oportunidade de nos encontrar, junto com o restante da turma, sempre parece que nunca nos afastamos, tal é a naturalidade com que a conversa flui. E até hoje quando olho pra ela, me lembro do seu gesto de lealdade no episódio da carta.
A Mônica, bem, ainda hoje estive na casa dela. Aos 32 anos de idade, mãe de primeira viagem, pude observar o carinho e o cuidado com que trata a filha. Vida tranquila de dona de casa. Alíás, são duas coisas que eu jamais poderia imaginar da Mônica: que ela se tornasse mãe e que passasse a viver uma vida de dona de casa. Quando a conheci em 93, ela parecia um furacão, em todos os sentidos. Agitadíssima. A sua característica mais marcante sempre foi a sinceridade. Não interessava se a pessoa ia achar ruim ou não, ela falava na cara o que pensava. Ainda hoje é assim. Pela sua sinceridade, lógico, cultivou alguns "inimigos", arrumou algumas encrencas. Eu mesma fui alvo várias vezes da sua imensa franqueza. Mas posso dizer que foi por causa de suas observações a meu respeito que eu passei a encarar a vida de um jeito mais ativo. Até conhecê-la, minha vida se resumia a me trancar em casa, ver TV, fantasiar a vida e não vivê-la de fato. Foi a partir dos seus "toques" que eu comecei a ir atrás de emprego, que eu comecei a ter menos medo de falar em público, que eu passei a brigar e protestar quando não concordava com alguma coisa (toque é bondade, ela me dava era umas porradas morais mesmo).
A amizade com ela não era fácil, nunca foi. Por vezes ficava magoada e chorava com as verdades que ela me dizia. Eram verdadeiros "choques de mente", que me faziam pensar e mudar minhas atitudes.
Ela se tornou minha amiga. E das melhores. Se não tivesse se tornado, talvez eu me lembrasse dela como uma chata inconveniente. No entanto, aprendi a ver por trás da sua sinceridade que por vezes beirava a rabugice, um ser generoso. Por trás das palavras ácidas, se escondiam mensagens subliminares que graças a Deus consegui interpretar de maneira positiva: SE LIGA, A VIDA É MAIS DO QUE ISSO QUE VOCÊ VIVE!!
Um comentário:
Não sei se vc permite fazer comentário, mas não estou nem aí para isso!
Gostei muito do que vc disse, com certeza descreveu o que realmente sou, desculpa às muitas vezes que te magoei, mas lembre-se de que tudo que aconteceu com vc serve para que aprenda e principalmente dê risada do que ocorreu, que Deus estava contigo nas horas mais estranhas ou difíceis de sua vida, principalmente o episódio da Edna, mas uma correção, Mãe e professora(sofredora) como vc é claro, Amiga te amo do fundo do meu coração, e pode contar comigo proque der e vier, e foi legal o que vc escreveu pra Bete, vou tentar freá-la para que ela leia.
Beijos Monica
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