quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

E aí, faço o quê?


Acho que eu deveria ter incluído um outro item dentro dos planos para 2008: um curso de especialização em alfabetização, por que o que eu tenho de aluno que não sabe ler e escrever, inclusive na 8a. série, é de doer. Parece inacreditável que estejamos vivendo uma situação tão grotesca, mas quem passar por este blog e estiver meio por fora do assunto, pode acreditar em mim: estamos vivendo um caos na educação pública como nunca havia existido. E o que é pior, a total responsabilidade recai sobre nós, professores.

Tô feito doida correndo atrás de material de alfabetização, qualquer material que me ajude a ensinar os alunos defasados a aprenderem a ler e escrever com autonomia, porque copiar atividades da lousa ou de livro eles até sabem, alguns até com letra perfeita, mas boa parte não sabe o que foi que escreveu, ou seja, são alunos que não sabem ler e escrever por si mesmos. Alguns sabem ler um pouco, mas se enrolam na hora de ler palavras que tenham dígrafos ou encontros consonantais. Tô meio perdida porque é como se eu tivesse que preparar aula diferenciada pra cada aluno, já que as necessidades de aprendizagem também variam. A angústia é grande, porque me sinto responsável por eles. Bom, a verdade mesmo é que não sei o que fazer.

Não consigo deixar de pensar que está sendo tirado dessas crianças o direito de sonhar em ser futuramente mais do que elas são agora; o direito de enxergar mundos e possibilidades diferentes através da leitura; o direito de manifestar sua satisfação ou insatisfação com a realidade por meio da escrita, como eu tô fazendo aqui.

Eu não seria o que sou hoje se me tivessem negado o direito de aprender a ler e escrever no tempo certo.

Pois é, a situação é caótica, mas não vou deixar a peteca cair, não. O que tiver ao meu alcance eu vou fazer pra ajudar essas crianças a recuperarem um pouco do tempo perdido.


Um comentário:

Unknown disse...

Sinceramente, compartilho demais da sua angustia... Olha que se formos para uma esfera mais alta, ao exemplo do nível superior, também vamos encontrar aberrações - que profissional a universidade está formando?!!!

E tudo isso está ligado, justamente, como vc retratou, porque a educação de base é precária, precabilíssima!!!

CRUZESSSSSSSSSS...

Meu bem, tente fazer uma triagem das principais dificuldades dos seus alunos e propor uma aula ou uma atividade semanal que seja para trabalhar leitura e escrita.

Utilize jogos pedagógicos (porque são lúdicos e intretem a moçada) e o velho e eficiente ditado. É um caminho a ser pensado...

Não esmoreça jamais...