Continua?
Aff, não!! Não ando escrevendo nada que preste ultimamente. A semana foi tumultuada, mas acabou e eu tô aqui, só esperando pra escapar daqui a pouco para os braços de alguém que espero a semana inteira pra abraçar.
O Daniel agora tá aqui em São Paulo, de morada mesmo, e eu fico imaginando que realmente não deve ser fácil largar a segurança do seu lar e da sua terra natal pra se aventurar numa cidade maluca que nem é essa, onde chove demais no verão e as pessoas parecem só pensar em trabalho. Sonho é sonho. A vida só vale a pena quando a gente pode sonhar e correr atrás dos sonhos.
O ano de trabalho já começou com ar de que vai ser daqueles, mas pelo menos já me serviu pra refletir sobre algumas coisas.
Explico: A Silvia pareceu achar engraçado porque eu disse que quando eu me mudar pra morar com ela e com o Dan vou comprar uma mesa com quatro cadeiras porque acho que uma família de verdade não pode passar sem esses móveis. E eu já expliquei que é porque é ao redor da mesa que se promove a integração entre os membros de uma família. E é verdade, as conversas mais produtivas, mais reflexivas, mais engraçadas, acontecem ao redor da mesa de refeições. Às vezes, as maiores brigas e as melhores fofocas também, mas tá valendo. Combinações, decisões, acertos de conta podem ser feitos quando os membros estão reunidos na hora das refeições. Quem tem família média ou grande que se junta de vez em quando na hora do almoço ou do jantar sabe do que tô falando.
É sabido que o maior inimigo desse tipo de integração (além da falta de tempo devido à correria do dia-a-dia) é o hábito de fazer o prato e ir pra frente da televisão, e todo mundo fica mudo e até manda calar a boca se alguém se atrever a puxar uma conversa bem na hora em que os personagens da novela vão revelar aquele segredo. Mas não quero entrar nesse mérito agora.
Escrevi tudo isso porque foi numas dessas conversas de redor de mesa, mais especificamente hoje no café da manhã, que tive a constatação de algo que eu já sabia e já vinha pensando durante a semana, especialmente depois de ter levado o baque de perder minhas aulas e cair de jornada: estou acomodada. É uma constatação óbvia, mas parece que a gente tem necessidade de ouvir isso de outros pra poder levar a sério.
Estou há dois anos e meio comendo grama na prefeitura, mas não movi uma palha pra mudar minha situação de insatisfação. Me acomodei no salário até razoável, não corri atrás de curso nenhum e agora que a água bateu na bunda é que eu sinto o peso da minha acomodação nas costas. Poderia ter feito o curso de inglês, ido atrás de cursos em áreas ligadas à revisão de textos e hoje teria um currículo competitivo pra tentar sair do magistério, que afinal de contas, tem me dado mais desgostos do que satisfação. É fato.
Duas coisas que fazem pensar: situações adversas e conversas na hora das refeições.
Duas lições:
1 - Sofrimento vem pra que a gente possa aprender alguma coisa boa com ele;
2 -Vale a pena desligar a TV mesmo que seja de vez em quando e fazer as refeições na mesa se você tiver uma família pra reunir ao redor dela.